Rio critica Orçamento de Estado “sem rigor” e com “medidas enganadoras”
Líder do PSD não se deslumbra com défice de 0,2% e censura o "chapa ganha chapa gasta"
Só na reunião da comissão política nacional do PSD, na próxima quarta-feira, será decidido e anunciado o sentido de voto sobre o Orçamento de Estado de 2019, mas o presidente do partido, Rui Rio, já fez saber que a proposta apresentada pelo Governo não lhe agrada. “Não há rigor, no sentido de uma aposta no futuro”, criticou Rui Rio, esta quarta-feira em Bruxelas.
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Só na reunião da comissão política nacional do PSD, na próxima quarta-feira, será decidido e anunciado o sentido de voto sobre o Orçamento de Estado de 2019, mas o presidente do partido, Rui Rio, já fez saber que a proposta apresentada pelo Governo não lhe agrada. “Não há rigor, no sentido de uma aposta no futuro”, criticou Rui Rio, esta quarta-feira em Bruxelas.
“Este é um orçamento que aposta no presente, e em 2019 apostar no presente significa apostar nas eleições”, reagiu o presidente do PSD. Além das medidas que classificou como “um bodo aos eleitores”, Rui Rio diz ter encontrado na proposta “medidas enganadoras”.
“Há medidas que no Governo estão a dizer que são assim, mas não são exactamente assim, são medidas para enganar os eleitores”, afirmou, dando como exemplo a isenção de pagamento de IRS das horas extraordinárias ou da baixa do IVA da electricidade. “Foi mais ou menos isto que foi vendido, e não é nada disto”, contrapôs.
Segundo Rio, não só “as horas extraordinárias pagarão IRS como os demais rendimentos”, como, na electricidade, o que vai baixar é o IVA sobre o contador. “É uma coisa que vai dar oitenta e tal cêntimos de poupança por mês às facturas de electricidade, e ainda assim àqueles que têm uma potência contratada baixa”, referiu.
Salvaguardando que ainda não teve oportunidade para avaliar a proposta do Orçamento de Estado “com todo o detalhe”, o líder social-democrata, que se afirmou um defensor do “rigor nas finanças públicas”, desvalorizou a redução do défice para 0,2% e denunciou as medidas eleitoralistas e “ideológicas” vertidas para o documento. “Todas as folgas que há é para distribuir. Isto tem uma marca ideológica do Partido Socialista e particularmente do Bloco de Esquerda e do Partido Comunista”, afirmou.
Comparando com os exercícios anteriores apresentados por este Governo, o presidente do PSD considerou que o Orçamento de Estado para 2019 “segue na linha dos outros, para pior um bocado”. “É um orçamento que, como costuma dizer o nosso povo, é 'chapa ganha, chapa gasta'”, disse. Rio admitiu, porém, ter ficado surpreendido que o Governo, que “tentou contentar tudo e fazer um bodo aos eleitores”, tenha deixado sem resposta as reivindicações dos professores. “Até fico um bocado admirado: o Governo tem este conflito com os professores, deu um bodo a todos e não contempla os professores”, reparou.
Rui Rio falou aos jornalistas à entrada para uma reunião do grupo do Partido Popular Europeu, em Bruxelas. Pressionado para anunciar o sentido de voto do seu partido, lembrou que o PSD tem “um órgão eleito em congresso que é a direcção nacional” e que não deixará de respeitar a “norma estatutária e correcta, que é a direcção nacional dizer qual é o sentido de voto no Orçamento”. Questionado se todas as opções ainda estão em cima da mesa — o voto a favor, contra ou a abstenção —, Rio limitou-se a responder: “Teoricamente”.