Novo regime de inclusão escolar provocou caos nas escolas, diz Fenprof
Falta de financiamento, de recursos humanos e logísticos, bem como de formação gratuita para os professores estão entre os problemas identificados pela estrutura sindical.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) exigiu nesta terça-feira o adiamento para o próximo ano lectivo do novo regime da educação inclusiva, alegando que as escolas vivem situações de "caos", devido à falta de recursos e de esclarecimentos sobre a aplicação do diploma legal.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Federação Nacional dos Professores (Fenprof) exigiu nesta terça-feira o adiamento para o próximo ano lectivo do novo regime da educação inclusiva, alegando que as escolas vivem situações de "caos", devido à falta de recursos e de esclarecimentos sobre a aplicação do diploma legal.
Falta de financiamento, de recursos humanos e logísticos, bem como de formação gratuita para os professores estão entre os problemas identificados pela estrutura sindical junto de várias escolas e que serão objecto de um inquérito para apuramento de resultados finais a apresentar posteriormente, explicou o secretário-geral da Fenprof, Mário Nogueira, durante uma conferência de imprensa, em Lisboa, em que esteve acompanhado pela equipa de educação especial da estrutura sindical.
Mário Nogueira considerou "uma irresponsabilidade do Ministério da Educação" fazer entrar em vigor um novo regime, deixando ao critério das escolas como o aplicar, ao abrigo da autonomia dos estabelecimentos de ensino. Destinado a crianças com necessidades educativas especiais, o novo regime está a gerar "desnorte" e a deixar as escolas "à deriva", nas palavras da Fenprof, segundo a qual os pais estão também a queixar-se cada vez mais, embora ainda com esperança de ver os problemas resolvidos.
Segundo os dirigentes da Fenprof, os alunos só não ficaram sem apoios porque os professores estão a dar as respostas que davam antes da publicação do decreto-lei (54/2018), ou seja, a aplicar o regime que já foi revogado. Confrontados com "problemas em cima de problemas", os sindicatos da Fenprof afirmam que há professores de educação especial a dizer que este foi "o pior início de ano lectivo em 40 anos" nesta área.
Cada escola está a fazer "a sua própria interpretação do diploma", segundo a Fenprof, o que pode colocar sob medidas universais alunos que precisam de terapia e assim deixam de a ter, como muitos casos de dislexia. Pelas contas dos sindicalistas, são milhares de alunos que podem não estar a receber o apoio de que precisam.
"O caos só não é maior ainda porque os docentes estão a executar funções da equipa multidisciplinar", excedendo em muitos casos o que está contemplado nos horários de trabalho, assegura Ana Simões, coordenadora nacional deste departamento da Fenprof. Mesmo assim, disse, alguns alunos ficaram sem apoio em Setembro e nem todas as crianças e jovens que estavam sinalizados se encontram a a receber apoio com a nova lei.
A Fenprof acusou ainda o Ministério da Educação de publicar legislação complexa quando os professores estão de férias e de dar 30 dias às escolas para a aplicar."Há escolas que decidiram aplicar só nos anos de início de ciclo: 5.º e 7.º anos", exemplificam os sindicalistas