Um homem “decente”, pessoa “recta e honesta” à frente da Defesa

Garantida está a mudança de estilo face à do seu antecessor. Na mira está a gestão do imediato, a começar pelo caso Tancos e o futuro da PJM.

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João Gomes Cravinho Rui Gaudêncio

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"Decente", "recto e honesto" foram três dos adjectivos utilizados por oficiais ao referirem-se à escolha de António Costa para substituir José Azeredo Lopes no Ministério da Defesa. Estas características do novo titular da pasta, João Gomes Cravinho, são apreciadas e, se é certo que o próximo Orçamento para a Defesa será mais avantajado do que os anteriores, os militares insistem na necessidade de reverter o programa 2020, do executivo de Passos Coelho, um projecto executado à força de cortes orçamentais e diminuição de meios.

“É necessário mudar a política, bem sei que não é possível no imediato, mas pelo menos que o novo ministro dê sinais em breve”, espera o almirante Melo Gomes, ex Chefe do Estado-Maior da Armada e presidente da direcção do Grupo de Reflexão Estratégica Independente, um think tank sobre questões de defesa e segurança.

O diplomata Gomes Cravinho, filho do ex-ministro socialista João Cravinho, não é desconhecido nas cúpulas castrenses. Como secretário de Estado dos Negócios Estrangeiros e Cooperação com Luís Amado à frente da diplomacia no XVII e XVIII governos de José Sócrates, manteve contactos de trabalho com os militares.

A publicação de artigos em revistas académicas especializadas e na imprensa sobre temas relacionados com políticas de defesa, cooperação e relações internacionais, tornaram conhecida a sua assinatura junto das chefias militares. Aliás, como continuidade das acções de cooperação desenhadas no Palácio das Necessidades com a colaboração militar.

Já antes, em 2002, quando presidia ao Instituto de Cooperação Portuguesa, publicara Visões do Mundo, um livro sobre esta questão, e fora professor de Relações Internacionais na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra, professor convidado no ISCTE e na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa.

Novo e dialogante

O diplomata regressa a Portugal após duas missões como embaixador da União Europeia na Índia e no Brasil. “É um homem decente, com historial de especialista em assuntos internacionais, espero que ouça as pessoas que sabem da actual situação das Forças Armadas”, precisa, ao PÚBLICO, um oficial que está na reserva e solicita o anonimato.

É registado o que desde já se antecipa como mudança de atitude face a Azeredo Lopes, saudado um estilo, que garantem os oficiais que privaram com o diplomata, será novo e dialogante, mas ficam as dúvidas. As de fundo sobre a política do Governo em relação às Forças Armadas, mas também, as imediatas, de como João Gomes Cravinho vai lidar com a lista dos problemas que herda. A começar pelo caso Tancos e suas implicações, entre as quais o futuro da Polícia Judiciária Militar.