Costa à Guterres: desde 2001 que não havia uma tão profunda remodelação
Quatro ministros saem de uma só assentada. Há 17 anos que nenhum primeiro-ministro mexia tanto nos pesos-pesados do Governo. Nem Passos, nem Sócrates, nem Santana, nem Durão...
Este domingo de manhã o país político regressou aos anos de António Guterres. Ao anunciar uma remodelação de quatro ministros de uma só vez, António Costa replicou António Guterres. Desde 2001 que não havia uma tão grande mudança no elenco de ministros. Durante os últimos 17 anos, nenhum primeiro-ministro teve coragem política ou necessidade de mexer tanto.
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Este domingo de manhã o país político regressou aos anos de António Guterres. Ao anunciar uma remodelação de quatro ministros de uma só vez, António Costa replicou António Guterres. Desde 2001 que não havia uma tão grande mudança no elenco de ministros. Durante os últimos 17 anos, nenhum primeiro-ministro teve coragem política ou necessidade de mexer tanto.
No Verão de 2001, poucos meses antes da pesada derrota eleitoral nas autárquicas que haveria de conduzir à demissão de António Guterres, eram substituídos seis ministros e criado um novo cargo. Rui Pena substitui Castro Caldas na Defesa, Braga da Cruz substitui Mário Cristina de Sousa na Economia, Júlio Pedrosa na vez de Augusto Santos Silva na Educação, Oliveira Martins acumula com a pasta das Finanças, António José Seguro chega a ministro-adjunto do primeiro-ministro, Augusto Santos Silva passa para a Cultura, Correia de Campos substitui Manuela Arcanjo.
Na altura, as remodelações pareciam uma tentação. Apenas seis meses antes, em Dezembro de 2000, Guterres tinha promovido outras mexidas, ao juntar a Economia e Finanças na alçada de Pina Moura e trocar Fernando Gomes por Severiano Teixeira na Administração Interna. "Concluí que na formulação do Governo tinha cometido alguns erros", justificou Guterres aos jornalistas. "E é melhor corrigi os erros do que continuar a cometê-los", acrescentou.
Para o socialista que chefiou dois governos entre 1995 e 2001, as remodelações serviam para resolver problemas ou erros de casting e para dar um novo impulso político. No caso da derradeira remodelação, esta pouco êxito teve porque o PS foi mesmo penalizado nas urnas nas autárquicas.
Desde então, as remodelações limitaram-se a mudanças de um ou dois ministros e, muitas vezes, até só de secretários de Estado. Passos Coelho só mexeu no Governo quando foi obrigado por causa de polémicas como a da licenciatura de Miguel Relvas, seu ministro-adjunto, ou da demissão que não conseguiu travar do seu ministro das Finanças, Vítor Gaspar.
José Sócrates, que se auto-intitulava "o animal feroz", fez várias remodelações mas nunca com grande alcance. Teve que substituir ministros que pediram para sair como Campos e Cunha (finanças), Freitas do Amaral (Negócios Estrangeiros), António Costa (Administração Interna) que seria candidato à Câmara de Lisboa. A maior mudança foi em 2008 quando saiu o contestado Correia de Campos (Saúde) e Isabel Pires de Lima (Cultura).
A conta-gotas, ao longo de dois anos, Durão Barroso 'despediu' ministros como Isaltino Morais, Valente de Oliveira, Pedro Lynce, Martins da Cruz e Amílcar Theias.