Aliados de Merkel com o segundo pior resultado da sua história na Baviera

Verdes conseguem um claro segundo lugar. Coligação com Eleitores Livres é a mais provável.

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A tradição na Baviera já não é o que era: a CSU tem apenas 35,5% segundo as sondagens à boca das urnas PHILIPP GUELLAND/EPA

A CSU (União Social Cristã) sofreu, como antecipavam as sondagens, uma pesada derrota nas eleições na Baviera. Se se confirmarem os 37,3%, resultados parciais conhecidos perto das 20h, esta será a segunda pior votação da sua história – é preciso recuar a 1950 para encontrar o mais baixo, 27,4%. Perdeu a maioria absoluta.

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A CSU (União Social Cristã) sofreu, como antecipavam as sondagens, uma pesada derrota nas eleições na Baviera. Se se confirmarem os 37,3%, resultados parciais conhecidos perto das 20h, esta será a segunda pior votação da sua história – é preciso recuar a 1950 para encontrar o mais baixo, 27,4%. Perdeu a maioria absoluta.

A partir de 1970, e até 2008, a CSU nunca ficou abaixo dos 50%. A CSU é o partido-gémeo da CDU, da chanceler Angela Merkel, na Baviera – só concorre no seu estado federado, onde a CDU não se apresenta. Juntos na União, os dois partidos democratas-cristãos têm sofrido desentendimentos por causa da insistência de Horst Seehofer, antigo governador da Baviera e actual ministro do Interior, em impor medidas de restrição à entrada de refugiados na Alemanha.

Mas as sondagens dizem que esta campanha de Seehofer resultou contra si, e contribuiu para a queda da CSU. Não é ainda claro se este resultado permitirá que Seehofer se mantenha no Governo em Berlim.

Algumas conclusões da noite eleitoral apontam para que as questões de asilo e refugiados – que dominaram totalmente o debate político por iniciativa de Seehofer – surgissem apenas em quarto lugar nas prioridades dos eleitores bávaros: primeiro vinham educação, habitação e ambiente.

Mais, a viragem à direita da CSU custou-lhe eleitores que migraram para os Verdes (200 mil) e não evitou as perdas para a AfD (180 mil) e Eleitores Livres (outros 180 mil).

Por outro lado, os resultados parciais confirmam a forte subida dos Verdes, em segundo lugar com 17,8%. Os ecologistas ficariam assim bem posicionados para serem parceiros de coligação da CSU. No entanto, para isto ser possível, a CSU teria de mudar radicalmente de posição em relação aos refugiados: os Verdes consideram a ecologia, abertura e pró-europeísmo como fundamentais.

Após o resultado, o governador da Baviera, Markus Söder, já descreveu as diferenças entre CSU e Verdes como "demasiado grandes". E apontou para um objectivo de formar governo com os Freie Wähler, Eleitores Livres, uma coligação de independentes mais inclinada à direita que obteve 11,5%, segundo as sondagens à boca das urnas. O partido é muitas vezes apresentado como de programa semelhante à CSU mas de organização totalmente diferente: é um partido com uma estrutura livre e partindo da base. 

Segundo os resultados preliminares, seguir-se-á a AfD, Alternativa para a Alemanha, de direita radical, anti-imigração, e anti-islão, que entra pela primeira vez no parlamento bávaro com 10,7% (nenhum outro partido admite considerar a AfD para qualquer executivo). A AfD fica assim representada em 15 dos 16 estados federados da Alemanha. 

Só depois, com 9,5%, aparece o Partido Social-Democrata (SPD), com o pior resultado da sua história na Baviera e uma queda para metade em relação às eleições anteriores: uma derrota de grandes proporções que se segue a várias derrotas estrondosas que datam da participação na primeira grande coligação com Merkel. A líder do partido, Andrea Nahles, culpou a má prestação do governo a nível nacional, em que o SPD participa, por este resultado. "Algo tem de mudar", declarou Nahles.

Segue-se finalmente o FDP, Partido Liberal Democrata, com 5%, um número mesmo no mínimo da entrada para o parlamento do estado federado; já Die Linke (A Esquerda) não conseguiu chegar a este valor, obtendo segundo os resultados parciais apenas 3,5%.

A terceira hipótese de coligação juntaria CSU, Eleitores Livres e FDP, o parceiro de coligação típico dos conservadores.

O jornal Süddeutsche Zeitung culpa a luta de poder dentro da própria CSU pelo resultado: o anterior governador, Horst Seehofer, concordou deixar o cargo para o seu rival interno Markus Söder, mas manteve a liderança do partido, o que prejudicou o partido e cansou os eleitores, diz o jornal bávaro. 

Demissões?

O mais provável é que haja algum alívio na CSU com a possibilidade de coligação com os Eleitores Livres, orientados à direita, mas com um resultado destes é de esperar pressão para uma demissão.

Seehofer (que já sugeriu uma vez que se demitia para depois voltar atrás), é o principal candidato a sair: a queda da CSU nas sondagens coincidiu com a estratégia de confronto com a chanceler sobre os limites à entrada de refugiados na Alemanha, lembrou numa entrevista telefónica com o PÚBLICO antes das eleições Matthias Dilling, da Universidade de Oxford.

Michael Weigl, professor de Ciência Política da Universidade de Passau, também apontou, em declarações à Reuters, a estratégia de Seehofer como contraproducente para a CSU. “Espero que Seehofer tenha de se demitir de ministro do Interior”. Seria uma boa notícia para Angela Merkel, que tem visto o Governo paralisado pelas constantes diferenças de opinião com Seehofer.

Falando na estação de televisão ZDF, Seehofer disse que havia muitos motivos para o resultado, que disse ser “mau”, enumerando razões relacionadas com a Baviera, com Berlim, e com mudanças na sociedade, admitindo, enquanto líder do partido, “co-responsabilidade”. Mas recusou falar de mudanças pessoais. A análise do que correu mal, continuou, "será agora feita dentro da CSU".