Ordem dos Médicos lança programa para ajudar doentes a tomarem decisões
Programa de educação para a saúde com recomendações simples tem como objectivo melhorar a utilização dos vários tipos de exames e reduzir as intervenções desnecessárias.
A partir desta sexta-feira os portugueses têm disponível um programa no site da Ordem dos Médicos para os ajudar a tomar melhores decisões em saúde. Escolhas Criteriosas em Saúde é a versão portuguesa do projecto Choosing Wisely, que começou nos Estados Unidos em 2012 e que tem sido posto em prática em vários países do mundo. É um programa de educação para a saúde com recomendações simples, baseadas na melhor evidência científica, e tem como objectivo melhorar a utilização dos vários tipos de exames e reduzir as intervenções desnecessárias.
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A partir desta sexta-feira os portugueses têm disponível um programa no site da Ordem dos Médicos para os ajudar a tomar melhores decisões em saúde. Escolhas Criteriosas em Saúde é a versão portuguesa do projecto Choosing Wisely, que começou nos Estados Unidos em 2012 e que tem sido posto em prática em vários países do mundo. É um programa de educação para a saúde com recomendações simples, baseadas na melhor evidência científica, e tem como objectivo melhorar a utilização dos vários tipos de exames e reduzir as intervenções desnecessárias.
“É um projecto que tem a ver com a educação para a saúde. Cidadãos mais informados têm mais capacidade para decidir e partilhar a decisão com o médico”, explicou o bastonário dos médicos, na apresentação do programa que aconteceu esta sexta-feira na Ordem dos Médicos.
Miguel Guimarães adiantou que o projecto português quer ir um pouco mais além. “Queremos incluir informação sobre situações agudas, urgentes e não urgentes. Queremos contribuir com informação sobre quando os utentes devem ir ao centro de saúde ou às urgências.”
As recomendações aos utentes – neste momento estão disponíveis 63 em várias especialidades – são emitidas pelos vários colégios da especialidade e têm por base artigos científicos. A intenção, adiantou o médico António Vaz Carneiro, responsável pelo Centro de Investigação de Medicina Baseada na Evidência e que também está envolvido neste projecto, “é juntar todos os meses mais conteúdos” a esta plataforma, aumentando assim a informação disponível.
Escritas de forma simples, estas recomendações “são feitas para ajudar a relação entre médicos e doentes", para, por exemplo, "não existir uma pressão exagerada para fazerem exames que podem não ser importantes para o contexto”, acrescenta Miguel Guimarães.
Salientando que não substituem uma consulta com o médico, podem ajudar a esclarecer muitas dúvidas e a perceber melhor porque é que o médico receita ou não um antibiótico ou recomenda um exame em vez de outro. Ou simplesmente diz que não é preciso fazer nada.
Exames todos os anos?
Um estudo de 2013, realizado a mil portugueses, mostrou que cerca de 99% consideravam que deveriam fazer análises de rotina todos os anos. Não será por isso difícil concluir que, para muitas pessoas, este é um pedido natural a fazer ao médico. Mas será que se justifica? A resposta, pode encontrá-la nas recomendações da área de medicina geral e familiar.
“Escolha deixar de recomendar um check-up anual a adultos assintomáticos [sem sintomas], sem factores de risco e sem problemas de saúde diagnosticados”, diz a recomendação, a profissionais e utentes, que explica que “a evidência disponível demonstra que a aplicação de exames complementares de diagnóstico de forma indiscriminada conduz a falsos positivos que podem conduzir a uma sequência de testes desnecessários”.
António Vaz Carneiro afirmou que “isto não é uma abordagem economicista, é uma questão de qualidade de cuidados”. Questionado sobre o que distingue esta informação da que pode ser consultada em qualquer outro site na Internet, o médico destaca a da Ordem dos Médicos “é baseada na melhor evidência científica".
"Se se pesquisar no Google a palavra health [saúde] há milhões de milhões de sites, 99,999% dos quais são mentirosos, corruptos, comerciais e inválidos. Ainda assim, restam centenas de milhares de sites excelentes que os doentes infelizmente não são capazes de identificar", salientou Vaz Carneiro.