Presidente da Ryanair recusou ir ao Parlamento porque "não é político"
Michael O'Leary diz que quer "evitar mais greves" e "chegar a acordo com os sindicatos".
O presidente executivo da companhia aérea Ryanair, Michael O'Leary, disse esta terça-feira que a empresa recusou ser ouvida na Assembleia da República (AR) sobre a sua situação laboral porque os gestores "não são políticos", mas antes "pessoas de negócios".
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O presidente executivo da companhia aérea Ryanair, Michael O'Leary, disse esta terça-feira que a empresa recusou ser ouvida na Assembleia da República (AR) sobre a sua situação laboral porque os gestores "não são políticos", mas antes "pessoas de negócios".
Em Abril passado, a comissão parlamentar de Economia, Inovação e Obras Públicas aprovou por unanimidade um requerimento do BE para a audição, com carácter de urgência, da administração da Ryanair, mas a empresa acabou por recusar ser ouvida.
Questionado hoje pela Lusa à margem de uma conferência de imprensa em Lisboa, Michael O'Leary justificou: "Porque nós não somos políticos. Nós não vamos a parlamentos falar sobre problemas laborais e, se tivermos problemas laborais, falamos com os sindicatos e com os nossos funcionários".
Já questionado se esse diálogo com as estruturas sindicais e os trabalhadores está em curso, o responsável afirmou: "Sim, continuamente". "Na última semana, tivemos reuniões nas bases de Faro, de Lisboa e do Porto", precisou Michael O'Leary. E questionou: "Vamos ao parlamento português falar para quem? Para os deputados? O que é que eles fazem?".
"Nós estamos aqui a criar novas rotas, mais empregos, a incrementar o turismo em Portugal. [...] Nós somos pessoas de negócios, não somos políticos. Deixem os políticos falar, nós continuaremos no nosso negócio", adiantou Michael O'Leary à Lusa.
A Ryanair tem estado envolvida num conflito com sindicatos a nível europeu, também com impacto em Portugal, nomeadamente depois de uma greve da tripulação de cabine em Abril, durante a qual a empresa foi acusada de intimidar os trabalhadores.
Estas denúncias levaram, inclusive, a Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) a acompanhar as paralisações para verificar se existiam violações laborais.
Confrontado com tal, Michael O'Leary indicou à Lusa que a ACT "fez inspecções durante as greves e viu" que a empresa "cumpria a lei portuguesa". Isto "apesar de os sindicatos terem dito que nós estávamos a intimar os trabalhadores a ir trabalhar", acrescentou.
"Nós fizemos os voos [durante a greve em Abril] com pilotos e tripulação portuguesa. Cerca de 30% apoiou a greve e cerca de 70% trabalhou normalmente e dessa forma conseguimos minimizar as greves", apontou.
Já questionado sobre o impacto dessa paralisação, assim como da mais recente, o responsável disse que os prejuízos são "mínimos", devido ao baixo número de voos afectados.
"Mas esses não foram dias bons e nós queremos evitar mais greves. Nós já demonstrámos o nosso ponto de vista e queremos chegar a acordo com os sindicatos", concluiu Michael O'Leary.