Moradores do novo Bairro da Cruz Vermelha devem começar a mudar-se dentro de ano e meio
Está lançada a primeira pedra do novo Bairro da Cruz Vermelha, que se quer fazer um "eco-bairro", acessível e sustentável, e um exemplo de uma construção "mais humana" para os bairros municipais. Serão erguidas 130 casas, num investimento total de 12,3 milhões de euros.
Para já, é só um lugar vazio, com muito pó, retroescavadoras e coletes fluorescentes. Se tudo correr como planeado, daqui a um ano e meio, as 110 famílias que vivem actualmente no Bairro da Cruz Vermelha, no Lumiar, deverão ocupar parte das 130 casas que serão erguidas num terreno junto ao Bairro dos Sete Céus, na freguesia vizinha de Santa Clara.
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Para já, é só um lugar vazio, com muito pó, retroescavadoras e coletes fluorescentes. Se tudo correr como planeado, daqui a um ano e meio, as 110 famílias que vivem actualmente no Bairro da Cruz Vermelha, no Lumiar, deverão ocupar parte das 130 casas que serão erguidas num terreno junto ao Bairro dos Sete Céus, na freguesia vizinha de Santa Clara.
Um ano depois de ter sido anunciada a demolição integral deste bairro onde a degradação mora em todas as portas, está lançada a primeira pedra do "eco-bairro" que ali se quer construir. Na manhã desta segunda-feira, o presidente da câmara de Lisboa, Fernando Medina, a vereadora da Habitação, Paula Marques, e o presidente da junta de freguesia do Lumiar, Pedro Delgado Alves, visitaram o estaleiro da obra que deverá custar de 12,3 milhões de euros e estar concluída ainda no final de 2019.
Em Julho do ano passado, a autarquia decidiu-se pela demolição integral do bairro, construído na década de 80 sobre uma lagoa aterrada com inertes, tentando assim pôr fim a um conjunto de edifícios com graves problemas de construção, e onde, ao longo do tempo, se foi assistindo à deterioração das áreas comuns.
Mudando-se do Lumiar para Santa Clara, ainda que o novo local fique a menos de um quilómetro, o que ali se pretende construir são casas como as que foram erguidas no "quarteirão-piloto" do Bairro Padre Cruz, em Carnide. É um projecto de “eco-bairro”, como descreve o arquitecto Alexandre Dias, acessível e sustentável. As casas terão, por exemplo, reservatórios de água para regar o quintal, a água das torneiras da casa de banho poderá ser reaproveitada para o autoclismo.
É um projecto "muito amigável", define Medina, para as pessoas com mobilidade reduzida e com mais idade com as portas e o piso com dimensões que permitam a uma cadeira de rodas ou um andarilho poder ali entrar sem dificuldades.
A construção em altura é abandonada, optando-se por blocos com dois andares, com desvio de nível, em que cada um corresponde a uma casa e tem uma entrada, um jardim e horta próprios.
"É um novo salto do ponto de vista do conceito e arquitectura e habitação em bairros municipais. Antes fazia-se construção altura, tentando que os custos fossem menores. Aqui há uma construção que é muito mais baixa, mais equilibrada, mais humana”, frisou o autarca.
As casas terão tipologias de T1 até T4, sendo que os T4 serão duplex. Mas quer-se também que esta seja uma casa que “cresce com a família”, sem serem necessárias alterações estruturais: uma sala que está desenhada para poder ser colocada uma divisória e transformar-se num outro quarto.
“Durante muito tempo procuramos outras soluções para o bairro. Chegou-se a equacionar até a aquisição de outros edifícios que ali estão nas proximidades, mas isso não foi possível. Depois tomamos a decisão de fazer a construção de raiz”, explicou Fernando Medina.
“Acho que foi uma decisão feliz, porque este sítio não se traduz num grande afastamento do que são as zonas de residência e de convivência. É um sítio muito bem infra-estruturado do ponto de vista dos transportes”, continuou.
A ideia, precisou a vereadora da habitação, Paula Marques, é que as pessoas vão saindo do Bairro da Cruz Vermelha sendo realojadas, sendo que umas escolheram ficar nas imediações da actual casa e outras ocuparão estas novas habitações. Só depois se procederá à demolição que Paula Marques acredita que poderá ser feita por lotes. Quando todas as pessoas abandonam um lote, ele é destruído, sem ser preciso esperar pelo último realojamento.
“O que procuramos é que todas as famílias tenham acompanhamento nesta fase de transição. Todas as pessoas que hoje usufruem dos nossos serviços na freguesia podem continuar a fazê-lo mesmo que já estejam fora do território”, notou o presidente da junta do Lumiar, Pedro Delgado Alves.
Paula Marques adiantou ainda que o novo bairro deverá contar o apoio de novas infra-estruturas, que serão também construídas, reenquadrando, por exemplo, um campo de jogos que já ali existe.
As novas casas não se esgotarão com o realojamento dos moradores do Bairro da Cruz Vermelha. A autarquia decidirá depois o que fazer com as casas que sobrarem, admitindo a possibilidade de juntar "renda acessível com esta situação particular do realojamento", disse Fernando Medina.
Depois da demolição, a ideia é tornar aqueles terrenos um espaço público, não havendo, para já, um projecto, explicou Paula Marques.
Um dia dedicado à habitação
Paula, Delfim e Débora ganharam esta segunda-feira casas novas. Depois da visita aos terrenos do novo Bairro da Cruz Vermelha, Fernando Medina e Paula Marques entregaram as chaves de casa a três famílias que se candidataram aos programas municipais de renda apoiada e convencionada, nas freguesias do Beato e de Marvila.
Durante a tarde, foram ainda entregues cerca de 240 casas municipais, das quais 37 famílias ficaram já com a chave na mão. As restantes habitações foram já atribuídas, sem estarem, contudo, ainda concluídas.