Um refúgio que também é uma galeria de arte a céu aberto
É em plena paisagem do Parque Natural da Serra de São Mamede, no Alto Alentejo, que a escultora Maria Leal da Costa dá largas à sua criatividade. Mais concretamente numa propriedade agrícola que também é uma unidade de alojamento. Eis a Quinta do Barrieiro.
Há uma escultura, em ferro e pedra, que parece estar ali, estrategicamente colocada, para receber os hóspedes de braços abertos — tem a forma de uma figura humana. Mas bastam mais uns dois ou três passos para percebermos que não é a única. Cada parede ou recanto do jardim estão decorados com uma peça de arte contemporânea, de maiores ou menos dimensões. Uma verdadeira galeria de arte a céu aberto, não restam dúvidas, plantada num cenário onde a natureza parece ter tido, ela própria, alguns laivos de criatividade: o Parque Natural da Serra de São Mamede. A Quinta do Barrieiro não é apenas mais uma quinta transformada em unidade de alojamento. Este refúgio é, também, o atelier onde trabalha a escultora Maria Leal da Costa e, por isso mesmo, é um verdadeiro mostruário de arte contemporânea, em pleno sossego do Alto Alentejo.
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Há uma escultura, em ferro e pedra, que parece estar ali, estrategicamente colocada, para receber os hóspedes de braços abertos — tem a forma de uma figura humana. Mas bastam mais uns dois ou três passos para percebermos que não é a única. Cada parede ou recanto do jardim estão decorados com uma peça de arte contemporânea, de maiores ou menos dimensões. Uma verdadeira galeria de arte a céu aberto, não restam dúvidas, plantada num cenário onde a natureza parece ter tido, ela própria, alguns laivos de criatividade: o Parque Natural da Serra de São Mamede. A Quinta do Barrieiro não é apenas mais uma quinta transformada em unidade de alojamento. Este refúgio é, também, o atelier onde trabalha a escultora Maria Leal da Costa e, por isso mesmo, é um verdadeiro mostruário de arte contemporânea, em pleno sossego do Alto Alentejo.
São cerca de dois hectares de quinta que se estendem muito para além das sete habitações que compõem a unidade de alojamento. Cada casa tem um nome próprio e, no seu interior, também há várias obras de arte para apreciar. A grande maioria saída da imaginação, e das mãos, da escultora, que decidiu fazer daquela quinta o seu local de trabalho. A artista nascida em Évora (1964) gosta de inspirar-se na natureza e a paisagem que envolve a sua Quinta do Barrieiro — a escultora é a proprietária mas a gestão da unidade de alojamento está a cargo de uma empresa turística — não a tem deixado ficar nada mal.
São várias dezenas de esculturas em pedra, ferro e bronze (materiais trabalhados em conjunto ou separados) que compõem uma exposição que, aparentemente, está em constante mutação. “É muito difícil dar um número certo, uma vez que a Maria está sempre a produzir e há esculturas que entram e outras que saem”, relata Francisco Muñoz, gerente da quinta. Algumas estão disponíveis para venda mas muitas fazem parte da colecção particular da escultora, que assume também buscar inspiração na literatura, prosa ou poesia de Tolentino Mendonça, Gonçalo M. Tavares, Camões ou Sophia de Mello Breyner, Cecília Meireles, Fernando Pessoa, entre outros.
E se para a artista alentejana a quinta é local de trabalho, para os hóspedes a missão passa por aproveitar o ar puro, a natureza e, simplesmente, relaxar. Quer seja no conforto das habitações, quer nos espaços exteriores. Todas as casas — com tipologias que vão desde o T0 ao T3 — dispõem de zona ou sala de estar e kitchenette, além do(s) quarto(s) e casa de banho. Na Casa Nascente, onde a Fugas ficou alojada, há até um atractivo extra de peso: um grande terraço privativo sobre as encostas da serra, especialmente aprazível em dias de sol ou noites amenas. Em todas as habitações, a opção passou por uma decoração rústica, pontuada com o toque de contemporaneidade das obras de arte expostas em alguns móveis ou nas paredes das casas.
Mil e uma propostas de passeios à volta
Lá fora, a proposta passa por aproveitar a piscina descoberta — para os mais novos também há um parque infantil —, bem como o próprio percurso de arte contemporânea da quinta (pode optar por fazê-lo por sua conta ou agendar uma visita guiada junto da recepção). Se o tempo não estiver de feição, procure abrigo na Sala da Galeria, uma zona comum repleta de obras de arte, claro está, e onde é possível desfrutar de uma prova de vinhos (acompanhada por um enólogo) ou fazer uma refeição mais ou menos ligeira — se é que esta última opção é possível numa região como o Alentejo, onde se come tão bem. E por falar em comida: esqueça aquela ideia de ter que respeitar um determinado horário para o pequeno-almoço. Na Quinta do Barrieiro existe a opção de o tomar na própria habitação, à hora que bem entender (pelo valor de 15 euros por quarto duplo). Na véspera, irão deixar-lhe leite, sumo, chá, café, fruta, iogurtes, cereais, manteiga, queijo, fiambre e outros produtos, na kitchenette. De manhã, quando acordar, encontrará o pão e o bolo frescos à porta. Se preferir um pequeno-almoço buffet, então terá de deslocar-se à Sala da Galeria (preço de 10 euros por pessoa).
É a própria gerência da unidade de alojamento que lhe lança o desafio de prolongar a estadia por mais uma ou duas noites e usufruir das inúmeras propostas que estão ali bem à porta — para as reservas a partir de duas e de quatro noites há redução de preços (quanto maior a estadia, melhor o preço). Afinal de contas, a quinta “está no centro do triângulo Marvão-Castelo de Vide-Portalegre”, nota Francisco Muñoz, e em pleno parque natural. A pé ou de carro, faça-se à estrada e explore toda a envolvente. Também existem sugestões para sessões de meditação guiada ou reiki.
No que toca às caminhadas, uma das possibilidades passa por partir da quinta até à barragem da Apartadura ou subir ao Cancho Alto para observar a fauna e flora locais ou observar o pôr do sol. Prontos para serem trilhados estão, também, os 30 percursos pedestres da rede de percursos em natureza Alentejo Feel Nature. E muito próximo da unidade de alojamento, na aldeia de Santo António das Areias, também encontrará programas de passeios a cavalo, em sela ou em charrete, pela serra.
Cansado? Sente-se ao volante e rume às históricas vilas de Castelo de Vide, Marvão ou Portalegre — são cerca de 15 minutos de viagem para qualquer um dos casos.
Na primeira, ouse perder-se pelas ruelas que o conduzem até ao castelo, visite a antiga sinagoga, actualmente transformada em museu, e a Igreja Matriz de Santa Maria. Em Marvão passeie-se dentro das muralhas, também aqui com ruas estreitas e casas caiadas de branco, e reserve algum tempo para visitar Igreja Matriz do século XV e a antiga Igreja de Santa Maria que foi tornada Museu Municipal. E não se esqueça de aproveitar as magníficas vistas. Afinal de contas, Marvão está situada a cerca de 860 metros de altitude, no topo da serra do Sapoio, junto à fronteira de Espanha. Já Portalegre é a capital de distrito e tem muito para visitar. Ficam apenas algumas sugestões: Castelo de Portalegre, Sé Catedral, Museu Municipal e Casa-Museu José Régio.