Ministro apela aos agricultores para não fazerem queimadas

Este ano, 53% dos incêndios investigados tiveram origem em queimas ou queimadas, uma percentagem que subiu 15 pontos face à média da última década.

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maria joão gala

O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, apelou nesta sexta-feira aos agricultores e produtores florestais que se abstenham de realizar qualquer tipo de queimada ou queima mesmo que caiam alguns chuviscos nos próximos dias.

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O ministro da Agricultura, Florestas e Desenvolvimento Rural, Luís Capoulas Santos, apelou nesta sexta-feira aos agricultores e produtores florestais que se abstenham de realizar qualquer tipo de queimada ou queima mesmo que caiam alguns chuviscos nos próximos dias.

Em declarações ao PÚBLICO, o governante realçou que “está completamente proibido qualquer uso do fogo até 15 de Outubro”, na sequência do prolongamento do período crítico dos incêndios. Capoulas Santos insistiu que as condições meteorológicas nos próximos dias são similares às que se verificaram em Outubro do ano passado, um mês em que os fogos mataram 50 pessoas e queimaram mais de 220 mil hectares, a maior parte dos quais em apenas três dias. “Mas mesmo que haja uns chuviscos, que podem induzir as pessoas a realizar queimas e queimadas, isso não vai alterar de forma significativa o quadro de risco”, sublinha o governante.

O ministro percebe que, face às intensas operações de limpeza deste ano, agricultores, produtores florestais e até cidadãos se sintam pressionados a queimar os sobrantes resultantes dessas acções, mas insiste que tal é ainda muito perigoso nesta altura, face aos elevados índices de secura da vegetação. Capoulas Santos admite voltar a prolongar o período crítico se as condições meteorológicas a isso obrigarem “pelo tempo que for necessário”. 

O governante recorda que este ano desceu de forma drástica o número de ignições, mas destaca que em termos percentuais subiu o número de incêndios resultantes de queimas e queimadas (53% dos fogos em que as causas foram investigadas, contra 38% da média dos últimos dez anos). O ministro atribui essa subida ao crescimento de material combustível para eliminar, na sequência do aumento das acções de limpeza.

“Pode parecer que este é o momento apropriado para queimar. Mas não é. E todo o cuidado é pouco”, sublinha. E lembra que o maior incêndio de sempre em Portugal ocorreu em Outubro do ano passado na Lousã, tendo consumido mais de 53 mil hectares, segundo os dados do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas.

Por isso, apela igualmente aos caçadores, que inauguram esta sexta-feira a época de caça, que tenham toda a atenção e denunciem qualquer sinal de fogo, evitando qualquer descontrolo das chamas. 

Nesta sexta-feira há mais de 80 concelhos do continente em risco máximo de incêndio, segundo o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). São concelhos que pertencem aos distritos de Viana do Castelo, Porto, Braga, Guarda, Bragança, Viseu, Leiria, Santarém, Castelo Branco, Portalegre, Beja e Faro.