Nídia não quer ser só uma DJ no Out.Fest
A música exploratória volta esta sexta-feira e sábado ao Barreiro, com a badalada produtora a estrear um novo espectáculo, além de nomes como group A, Linn da Quebrada, Lotic, Mick Harris, Yek, Jimi Tenor, Kaja Draksler, Lea Bertucci ou John T. Gast.
O Out.Fest, o festival que leva todos os anos "música exploratória" a vários espaços no Barreiro, está de volta para a 15.ª edição. São dois dias, esta sexta-feira e sábado, recheados de nomes nacionais e internacionais e um cartaz verdadeiramente diverso, sob inúmeros aspectos.
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O Out.Fest, o festival que leva todos os anos "música exploratória" a vários espaços no Barreiro, está de volta para a 15.ª edição. São dois dias, esta sexta-feira e sábado, recheados de nomes nacionais e internacionais e um cartaz verdadeiramente diverso, sob inúmeros aspectos.
Na primeira noite, um dos nomes fortes do cartaz é Nídia, da Príncipe Discos, na sua estreia no festival do Barreiro. A muito internacionalizada – em Junho teve, por exemplo, direito a um perfil no New York Times – produtora que viveu vários anos em França e foi em 2017 responsável por Nídia é Má, Nídia é Fudida vai estrear um novo espectáculo, fruto de uma residência artística no Centro de Experimentação Artística do Vale da Amoreira. Em palco com ela estarão as rappers Mynda Guevara e G Fema, que rimam em crioulo. É uma colaboração que será um dia gravada, mas está ainda a dar os primeiros passos: letras que as duas MCs já tinham juntam-se às batidas de Nídia. "É um show de estreia, nos outros vamos fazer melhor", garante ao PÚBLICO. Quis, diz, juntar os seus instrumentais às vozes delas pelo "power" que as duas têm. O objectivo era "inovar" na sua arte: "Não quero ser só uma DJ, quero ser uma artista, e para isso tenho de tocar um pouco em todos os terrenos."
A produtora não é o único nome para esta sexta-feira. A programação começa às 16h30, com dois concertos de entrada livre no edifício A4 inseridos no programa Unearthing the Music, um projecto da organização do Out.Fest que explora a música experimental da Cortina de Ferro entre 1957 e 1989. Actuam o finlandês Anton Nikkilä, que passou pelo pós-punk nos anos 1980 e o percussionista de jazz lituano Vladimir Tarasov.
Mais tarde, com bilhete pago, nas salas do espaço multidisciplinar da ADAO – Associação Desenvolvimento Artes e Ofícios, o cartaz é quase todo português. Começa, às 21h30, com o percussionista João Pais Filipe, que no dia seguinte volta ao festival como membro de HHY & The Macumbas, seguindo-se Toda Matéria, uma formação encabeçada pela também artista plástica Joana da Conceição, do duo Tropa Macaca, com Maria Reis (Pega Monstro), Mariana Pita (Moxila), Sara Graça e Sara Zita Correia e a nova formação de Telectu a mostrar o recentemente reeditado, 35 anos depois da data de lançamento original, Belzebu. Depois da meia-noite, antes de Nídia, actua group A, o duo de electrónica minimal e noise das japonesas radicadas em Berlim Tommi Tokyo e Sayana Botanic.
No sábado é tempo de Linn da Quebrada, o fenómeno de funk carioca (e não só), a artista e activista transgénero que foi o foco do documentário Bixa Travesty, que fechou a edição deste ano do Queer Lisboa, alguém que na terça estará na Galeria Zé dos Bois, em Lisboa, para uma conversa sob o mote "A canção é uma arma?" Mas também Lotic, uma pessoa não-binária natural do Texas e radicada em Berlim que começou por tocar saxofone alto e depois começou a produzir electrónica experimental misturada por fascínios saudáveis por bandas de marcha, r&b e pop. Lançou este Power, o disco de estreia. Ambos os nomes actuam na Sociedade de Instrução e Recreio Barreirense Os Penicheiros, tal como Yek, o duo que une o irianiano Mohammad Reza Mortazavi, especialista no tombak, instrumento de percussão persa, e o produtor e músico alemão Burnt Friedman, dado à exploração do dub, e o britânico Mick Harris, o responsável pelo projecto de electrónica Scorn que foi também baterista de Napalm Death e Painkiller, aqui sob o nome Fret.
De tarde, há concertos de entrada livre no Largo do Mercado 1.º de Maio, com o finlandês Jimi Tenor e os já mencionados HHY & The Macumbas, bem como no Futebol Clube Barreirense, com os portugueses Opus Pistorum, Império Pacífico, Odete e Kerox. Pagas são as actuações da lisboeta Clothilde, a pianista eslovena de jazz Kaja Draksler e da norte-americana Lea Bertucci, na Escola de Jazz do Barreiro, bem como de Ricardo Rocha, Cândido Lima, que revisita Oceano, peça de 1979, e do Space Collective 3 de Rafael Toral, a propósito de Moon Field, disco do ano passado, na Biblioteca Municipal. A fechar a noite, no edifício A4, há o britânico John T. Gast, e o colega de Nídia na Príncipe, DJ Lycox.
Os bilhetes para sexta-feira custam dez euros, enquanto os de sábado valem 15 e o passe para os dois dias 20. Como sempre, há, mediante marcação prévia, autocarros entre o Barreiro e o Marquês de Pombal após os concertos.