Alexander McQueen à flor da pele

A vida e obra do criador de moda britânico é tratada em McQueen menos como uma biografia tradicional e mais como um retrato íntimo, emocional.

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Um puto do East End de Londres que não sabia o que fazer da vida e que encontrou na moda, mais do que uma carreira, uma expressão ou uma terapia ANN RAY

Designer que começou por ser auto-didacta, agent provocateur da moda internacional, showman perfeccionista, Alexander McQueen cumpriu na íntegra o lema hiper-romântico e hiper-cínico da celebridade eterna: live fast, die young, leave a good-looking corpse. McQueen viveu depressa, quase até ao esgotamento; morreu jovem, suicidando-se aos 40 anos de idade; deixou atrás um cadáver requintado, com a caveira que lhe serviu de logótipo não oficial a pairar sobre as suas colecções controversas.

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Designer que começou por ser auto-didacta, agent provocateur da moda internacional, showman perfeccionista, Alexander McQueen cumpriu na íntegra o lema hiper-romântico e hiper-cínico da celebridade eterna: live fast, die young, leave a good-looking corpse. McQueen viveu depressa, quase até ao esgotamento; morreu jovem, suicidando-se aos 40 anos de idade; deixou atrás um cadáver requintado, com a caveira que lhe serviu de logótipo não oficial a pairar sobre as suas colecções controversas.

No documentário que dedicam à vida e obra do criador de moda, Ian Bonhôte e Peter Ettedgui recorrem a uma profusão de material de arquivo que ilustra a sofreguidão de um puto do East End de Londres que não sabia muito bem o que fazer da vida e que encontrou na moda, mais do que uma carreira, uma expressão ou uma terapia.

Dividido em cinco capítulos organizados à volta das colecções mais significativas e controversas da sua carreira, McQueen transcende a simples lógica do documentário biográfico tradicional com as suas cabeças falantes e as imagens de arquivo; tem um ponto de vista “emocional” sobre McQueen, que esboça através de um tratamento cronológico solto cruzado com entrevistas que revelam a pessoa por trás da persona. Amigos e colegas defendem que o criador procurou manter viva a chama e a loucura dos seus primeiros anos como designer mesmo depois de assumir a direcção criativa da Givenchy, e que foi essa necessidade de reconciliar negócio e arte, criatividade e disciplina, responsabilidade e diversão, que dilacerou McQueen.

Pontuado pela música de Michael Nyman, compositor-fétiche do designer, e montado com a competência inatacável e inteligente da melhor produção britânica, McQueen avança menos interessado em assinalar os marcos temporais da sua carreira e mais em perceber o que ia na cabeça de um criador genial mas transtornado. Bonhôte e Ettedgui não celebram uma vida tanto como procuram desenhar o possível retrato íntimo de Lee Alexander McQueen, e é nessa aproximação empática para com o criador de moda, que sublinha as emoções à flor da pele, que o seu filme se ergue acima do vulgar de Lineu do documentário biográfico. Uma surpresa.

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