Bloco, PEV e PAN sozinhos a defender proibição da caça à raposa

Projectos de lei serão chumbados. PSD, CDS, PS e PCP acusam BE, PEV e PAN de quererem "acabar com a caça" e argumentam que esta faz parte do mundo rural, o dinamiza economicamente, e serve para controlar populações animais.

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Paulo Pimenta

A direita, o PS e o PCP são contra a proibição da caça à raposa e ao saca-rabos que o Bloco, o PEV e o PAN querem consagrar na lei. Os três partidos resolveram acompanhar com projectos de lei o pedido de uma petição subscrita por 11.546 pessoas que solicitava a criação de legislação que proíba aquele tipo de caça, mas claramente serão chumbados na quinta-feira quando forem votados.

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A direita, o PS e o PCP são contra a proibição da caça à raposa e ao saca-rabos que o Bloco, o PEV e o PAN querem consagrar na lei. Os três partidos resolveram acompanhar com projectos de lei o pedido de uma petição subscrita por 11.546 pessoas que solicitava a criação de legislação que proíba aquele tipo de caça, mas claramente serão chumbados na quinta-feira quando forem votados.

As raposas podem ser caçadas em Portugal entre Outubro e Janeiro, inclusivamente com recurso a paus e com matilhas de até 50 cães, uma prática que os três partidos.

O social-democrata Nuno Serra, que foi o relator da petição, acusou BE, PEV e PAN de terem como "agenda" o objectivo de "acabar com a caça", argumentando que, "quando se fazem iniciativas políticas da janela de um apartamento, mostra-se o desconhecimento da realidade do espaço rural".

"Os projectos de lei contemplam um conjunto de argumentos e justificações que revelam profundo desconhecimento da realidade do mundo rural. O que a legislação diz é caça com pau, não caça à paulada. Por um homem usar chapéu não dá uma chapelada", afirmou o socialista Pedro do Carmo, justificando que aquelas espécies não têm predadores, logo a sua população pode ficar sem controlo sem a caça, além de serem portadoras de algumas doenças graves.

A democrata-cristã Patrícia Fonseca classificou as propostas de BE e PEV como "demagógicas e dispensáveis", ao permitir a captura não letal para controlo das espécies sem apresentar solução posterior, e a postura do PAN como "política e intelectualmente desonesta", já que "esconde o objectivo verdadeiro que é a proibição total da caça a um conjunto de espécies (lebre, coelho e javali)". "É falso que seja permitida a caça à paulada", acrescentou, descrevendo que existe um recurso ao "cajado para bater nas ervas do mato".

"Não iremos acompanhar nenhum destes projectos de lei", concluiu também o comunista João Dias, argumentando que "a caça faz parte do mundo rural, ajuda a fixar pessoas e combate o despovoamento", sendo a actividade cinegética complementar à actividade agrícola".

O deputado único do PAN tinha afirmado que "não há sectores intocáveis", salientando a "sensibilidade da população portuguesa em relação aos animais" face ao "baronato da caça". "Grande parte das pessoas não sabe sequer que é possível caçar raposas e quando sabe fica indignada. E quantas pessoas sabem que as raposas ou os coelhos podem ser mortos por espancamento à paulada ou por violência imposta por mordeduras de 50 cães de caça? É tempo de dizer basta à violência, à brutalidade e à desconsideração pelas outras espécies", disse.

O ecologista José Luís Ferreira quis "recusar a ideia de que tudo o que mexe pode ser caçado", pois "a verdadeira caça nunca por nunca pode significar atingir um animal pelo simples prazer de matar", acrescentando estarem em causa "duas espécies sem qualquer interesse gastronómico e que não representam qualquer perigo para a saúde e segurança".

A bloquista Maria Manuel Rola realçou a "oportunidade para alterar aquilo que politicamente já não é admissível" e a "contradição com a ideia de caça que, socialmente e legalmente, não pode ser uma actividade de abate de animais só pelo objectivo do abate".