Rui Moreira ainda aguarda contacto do Governo sobre o Infarmed
Autarca conseguiu a unanimidade de toda a vereação numa moção sobre a suspensão da mudança do instituto para o Porto.
A Câmara do Porto pretende uma resposta formal do Governo sobre a suspensão da transferência do Infarmed de Lisboa para esta cidade, anunciada publicamente pelo ministro da saúde e, no Parlamento, pelo primeiro-ministro, mas não comunicada ainda, ao município liderado por Rui Moreira.
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A Câmara do Porto pretende uma resposta formal do Governo sobre a suspensão da transferência do Infarmed de Lisboa para esta cidade, anunciada publicamente pelo ministro da saúde e, no Parlamento, pelo primeiro-ministro, mas não comunicada ainda, ao município liderado por Rui Moreira.
O independente viu esta terça-feira aprovada por unanimidade uma moção em que também questiona o executivo de António Costa sobre as motivações que levaram a que caísse por terra uma decisão anunciada há um ano e que estava sustentada, entretanto, num "relatório favorável”, “unânime”, de um grupo de trabalho nomeado pelo Conselho de Ministros.
Na moção, cujo texto mereceu alguns reparos do PS, sem que tal impedisse o voto favorável dos socialistas, críticos também da decisão de reverter a mudança antes dada como certa, o executivo municipal exige saber quais as condições políticas "que impedem o Governo de cumprir as suas decisões". "Esta pergunta é, pelo menos, para obrigar o primeiro-ministro ou o Governo a dizer alguma coisa. Acho uma desconsideração que, até hoje, ninguém tenha pegado no telefone para falar connosco", frisou o autarca.
Moreira revelou que o próprio Manuel Pizarro lhe ligou, no dia em que o ministro anunciou o recuo, achando que o presidente da câmara teria, obviamente, mais informação sobre o caso, do qual tomara conhecimento pela imprensa. Aliás, a autarquia pretende saber "se o Conselho de Ministros tomou ou vai tomar alguma decisão formal acerca do assunto, nomeadamente na sequência do relatório que o grupo de trabalho por si criado". Manuel Pizarro, reconheceu que o processo foi "mal conduzido" e rebateu as críticas do vereador Ricardo Valente, do grupo independente, que criticou o facto de o grupo socialista não ter apresentado qualquer moção sobre esta questão. “Eu já disse que isto tinha sido leviano, expressão que foi usada por outros comentadores”, insistiu o vereador do PS.
A abstenção da CDU impediu, entretanto, a unanimidade da vereação em relação a uma outra moção, mais abrangente, apresentada por Álvaro Almeida, do PSD, criticando a posição do Governo quanto à "descentralização de serviços do Estado".
O autarca social-democrata considera que o caso do Infarmed é apenas um sinal visível de “um problema de fundo", que é o facto de Portugal ser "país excessivamente concentrado" em Lisboa, e contestou as dúvidas da CDU cuja vereadora, Ilda Figueiredo, insistiu que o centralismo se combate com a regionalização, e que o recuo agora anunciado só veio dar razão à percepção dos comunistas. “A CDU sempre considerou que esta proposta do Governo [de transferir o Infarmed] tinha sido feita duma forma no mínimo leviana".
"Pode até haver regionalização e não haver deslocalização de serviços. O que nos motiva é preocupação pelo facto de o Infarmed ser um sinal”, vincou o vereador do PSD, criticando a ausência de reacção quando, há um ano, o encerramento da Comissão de Mercados de Valores Mobiliários no Porto levou "dezenas de trabalhadores a perderem o emprego ou a serem forçados a ir para Lisboa”.