Existe um lugar de estacionamento para cada quatro carros em Lisboa
Estudo do Observatório ACP propõe a criação de 16 mil lugares de estacionamento à entrada de Lisboa, numa rede integrada de nove parques. Ligação com a rede de transportes é uma das prioridades
Lisboa, tal como outras capitais europeias, há muito que se debate com o problema do tráfego rodoviário que invade as zonas centrais da cidade. Um estudo realizado pelo Observatório ACP (Automóvel Clube de Portugal) propõe a construção de uma rede de nove parques de estacionamento localizados nas zonas de acesso à capital, com uma capacidade de 16 mil lugares. Actualmente existem apenas 200 mil lugares para os 745 mil veículos que entram diariamente em Lisboa – por cada quatro carros, há um lugar de estacionamento disponível.
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Lisboa, tal como outras capitais europeias, há muito que se debate com o problema do tráfego rodoviário que invade as zonas centrais da cidade. Um estudo realizado pelo Observatório ACP (Automóvel Clube de Portugal) propõe a construção de uma rede de nove parques de estacionamento localizados nas zonas de acesso à capital, com uma capacidade de 16 mil lugares. Actualmente existem apenas 200 mil lugares para os 745 mil veículos que entram diariamente em Lisboa – por cada quatro carros, há um lugar de estacionamento disponível.
A rede de estacionamentos pretende aproveitar a oferta já existente ao longo de todo o eixo da CRIL entre Algés e o Parque das Nações, e que regista uma menor afluência de utilização durante o dia. O estudo aponta igualmente para o desenvolvimento de uma rede que facilite a ligação aos transportes públicos e que assegure condições para que os cidadãos a eles adiram, “situação que no presente não se verifica”, de acordo com o comunicado enviado às redacções.
Um dos objectivos seria a criação de novos itinerários na cidade, criando alternativas de acesso e descongestionando as principais zonas. Estas medidas permitiriam “devolver espaços para os peões e reduzir as emissões de partículas nocivas”. Em Lisboa, entram mais de 370 mil carros diariamente, número que soma aos restantes 375 mil de quem habita a cidade. A oferta de estacionamento situa-se nos 200 mil lugares.
Em Maio de 2017, a câmara de Lisboa anunciou a criação de 4555 lugares em sete parques “dissuasores” com o intuito de travar a entrada de mais viaturas na cidade. Contudo, refere o estudo, a localização de alguns destes parques já dentro da malha interior da cidade não evita a entrada de carros. Apenas os parques de Pedrouços e Pontinha (em fase de construção) estão efectivamente localizados em zonas tampão à entrada de veículos. O parque da Ameixoeira, que já abriu, e os parques do Areeiro e estádios da Luz e de Alvalade, que ainda serão construídos, já se encontram dentro da cidade, “deitando por terra qualquer esforço de investimento na rede de transportes públicos”, dizem.
O estudo prevê resultados “pouco animadores” para a solução dos parques dentro da cidade. A explicação reside na impossibilidade de saber se a utilização decorre de utilizadores não residentes em Lisboa ou se são apenas usados por habitantes locais. O parque da Pontinha, que chegará um ano depois da data anunciada pela EMEL (Empresa de Mobilidade e Estacionamento de Lisboa), será uma das infra-estruturas que poderá realmente diminuir a entrada de veículos na cidade, trazendo cerca de 2200 estacionamentos.
Entrecampos vai perder 76% do estacionamento disponível
Ao mesmo tempo que são tomadas medidas com vista à redução da entrada de veículos particulares na cidade, a Câmara Municipal de Lisboa quer reduzir a oferta de estacionamento na zona de Entrecampos. A redução de estacionamento, que poderá chegar aos 451 lugares, consoante o número de futuras reservas de lugares, acontece na sequência da requalificação dos terrenos da antiga Feira Popular, e sem qualquer contrapartida de oferta de zona de parqueamento.
A rede de transportes que serve actualmente a zona é “deficitária”, critica o ACP, e a proposta urbanística apresentada não contempla uma solução para a maior parte das deslocações diárias que a construção de mais de 700 apartamentos, 40 mil metros quadrados de zona comercial, e três creches e um jardim infantil irá gerar.
Texto editado por Ana Fernandes