2018 – Um dia mundial da “arquitectura para um mundo melhor”
Este é o mês que, entre nós, há já vários anos comemoramos como o mês da arquitectura.
Comemorado por iniciativa da União Internacional dos Arquitectos desde 1986, o Dia Mundial da Arquitectura tem este ano como tema a “Arquitectura por um mundo melhor”, e como imagem um belíssimo cartaz da autoria de dois portugueses: Ana Rute Costa e Rúben Ferreira Duarte.
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Comemorado por iniciativa da União Internacional dos Arquitectos desde 1986, o Dia Mundial da Arquitectura tem este ano como tema a “Arquitectura por um mundo melhor”, e como imagem um belíssimo cartaz da autoria de dois portugueses: Ana Rute Costa e Rúben Ferreira Duarte.
O dia escolhido para esta comemoração, a primeira segunda-feira de cada mês de Outubro, coincide também com o Dia Mundial do Habitat, este numa iniciativa das Nações Unidas, que procura fazer-nos reflectir sobre o direito a uma habitação condigna para todos. Conjuga-se assim a comemoração destes dois aspectos, profundamente complementares, onde a arquitectura se assume na manifesta capacidade que ela tem como elemento de qualificação do ambiente e do mundo em que vivemos.
Um mundo que, tal como o cartaz bem nos mostra, tem de ser entendido como a casa de todos. Um mundo em forma de casa, ou a casa que todos queremos que seja o nosso mundo.
Um mundo cujo território, na sua imensidão, tem de ser resolvido a partir da nossa porta, e onde, como foi mais uma vez objecto de consenso na recente Declaração de Davos, a cultura em toda a amplitude da sua complexidade se assume, cada vez mais, como factor agregador. Seguramente mesmo o mais essencial para responder aos imensos desafios que temos pela frente.
Uma cultura, ou antes uma baukultur, que ao contrário do papel redutor que muitas vezes também teve, se caracteriza desde logo pela sua profunda diversidade, e por isso mesmo se assume como englobante de múltiplos aspectos técnicos, sociais, económicos ou políticos. Cultura que tem de ser entendida numa aproximação holística, e enquanto processo em aberto, em constante diálogo entre as pré-existências e as mudanças, deste modo assumindo e assegurando um papel essencial na tão necessária coesão social.
Uma cultura que deverá ser capaz de responder aos desafios postos pelas profundas transformações climáticas, mas também às necessidades e vontades do Homem; que tenha capacidade de usar as muitas inovações tecnológicas, mas também de responder às mudanças provocadas pelas rápidas transformações no modo como vivemos ou trabalhamos; atenta ao controle e capaz de impedir os sempre dolorosos processos de gentrificação.
Uma cultura onde a melhoria da qualidade da construção, a reabilitação e reutilização dos espaços públicos e construídos das nossas cidades possa ser assumida como uma resposta às necessidades sociais e individuais mas também como forma de assegurarmos a melhoria das condições de vida das pessoas. Cultura entendida como elemento essencial para a coesão social, capaz de assegurar as necessárias respostas aos imensos problemas energéticos, ou ao desperdício de recursos que todos sabemos bem serem cada vez mais limitados, e assim nos permitir prosseguirmos na procura das respostas mais convenientes para um mundo melhor.
Todos estes são aspectos que, sabemos bem, apenas poderão ser resolvidos na globalidade de uma consciência colectiva, pois desde há muito que a dimensão dos problemas ultrapassou qualquer tentativa no sentido de os podermos limitar a soluções ou a saberes de uma única profissão ou área de conhecimento, nem sequer restringi-los às fronteiras dos territórios nacionais.
É por tudo isso que, neste ano Europeu do Património Cultural, é imperioso sermos capazes de caminhar no sentido da construção de todo um complexo tecido de estruturas jurídicas, técnicas e económicas capazes de definirem e enquadrarem futuras orientações políticas. Orientações que permitam os ajustamentos à dinâmica de uma sociedade a viver num processo de rápidas transformações que importa agora ajustar às realidades da grande diversidade de unidades que o formam, em necessária articulação com realidades de dimensão muito mais vasta, no respeito das especificidades e das profundas diferenças de cada uma.
Um ajuste em tudo idêntico ao que o cartaz deste Dia Mundial da Arquitectura representa: um mundo em forma de arquitectura.
Um mundo melhor onde a arquitectura deve desempenhar um papel fundamental. Um mundo que estará também seguramente bem presente nas preocupações e nos debates que os arquitectos portugueses irão ter ao longo do próximo Congresso, o 15.º, onde o tema será o “Património Arquitectónico e Paisagístico” e que acontecerá já no final deste mês de Outubro. Um mês que, entre nós, há já vários anos comemoramos como o mês da arquitectura.