Baterista abandona Sigur Rós após denúncia de abuso sexual
O músico nega as acusações e anuncia que vai afastar-se da banda para resolver o assunto longe da internet.
Orri Páll Dýrason, baterista dos Sigur Rós, anunciou nesta segunda-feira que iria abandonar a banda devido a uma acusação de alegado abuso sexual e violação.
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Orri Páll Dýrason, baterista dos Sigur Rós, anunciou nesta segunda-feira que iria abandonar a banda devido a uma acusação de alegado abuso sexual e violação.
O caso foi divulgado na conta de Instagram de Meagan Boyd. A mulher afirma que o baterista a violou quando partilharam a mesma cama depois de uma saída nocturna em 2013. O músico de 41 anos nega as acusações, lembra que não existe nenhuma acusação judicial e garante que irá fazer de tudo para “sair deste pesadelo”.
A história foi contada há seis dias no Instagram de Meagan Boyd, que durante a tarde desta segunda-feira tornou a sua conta privada.
“Em Janeiro de 2013, fui abusada sexualmente por um membro da banda Sigur Rós em Los Angeles, na altura em que estavam na cidade a gravar o álbum que seria editado nesse ano”, começa por se ler na mensagem partilhada na conta de Instagram de Meagan Boyd. “O nome do meu abusador é Orri Páll Dýrason. Nunca apresentei queixa nem expressei a minha dor em público. Escondi esta dor durante seis anos… por muitas razões. Senti que ninguém iria acreditar em mim, senti que tinha sido irresponsável por confiar nele só porque ele estava numa banda que eu amava e respeitava-o enquanto artista”, continua Boyd.
“Estava bêbeda e tínhamos-mos conhecido numa discoteca (onde durante algum tempo fui dançarina, no Body Shop), envolvi-me num beijo com ele antes de adormecer na mesma cama. Depois disso, apaguei-me completamente. Acordei com a sensação de estar a ser penetrada sem o meu consentimento durante um sono profundo”, afirma.
“Aconteceu duas vezes naquela noite”, diz Boyd, dizendo que estava “bêbeda, morta de cansaço e em choque” e por isso não teve forças para ir embora depois de alegadamente ter sido abusada uma primeira vez. Mas, sublinha, “nada disso deveria importar, porque ninguém merece ser violado/tocado/lambido/fodido sem o seu consentimento”.
Meagan Boyd diz que decidiu só avançar agora com a divulgação da história porque foi agora mãe e acompanhou com atenção o caso da acusação de Christine Blasey Ford contra Brett Kavanaugh, indicado para assumir o cargo de Juiz do Supremo Tribunal de Justiça.
"Não levarei esta luta a público"
O artista reagiu esta segunda-feira, falando da “decisão difícil” que é deixar a banda da qual faz parte desde 1999.
“À luz da dimensão deste caso, decidi deixar os Sigur Rós. É uma decisão difícil, mas não posso deixar que estas graves alegações influenciem a banda e o belo e importante trabalho feito nos últimos anos”, explicou o músico.
“Peço às pessoas que se mantenham calmas e que não se dividam entre dois grupos em luta, não estamos em tribunal, são apenas as palavras de Meagan, contra as minhas, na Internet. Palavras ruidosas e provocadoras que não são boas para ninguém — nem para ela, nem para mim.”
“Irei fazer tudo ao meu alcance para sair deste pesadelo, mas, por respeito àqueles que de facto sofreram de violência sexual, não levarei esta luta a público”, conclui na nota partilhada na página da banda.