Militar da PJM envolvido no esquema para capturar armas está arrependido

Vasco Brazão é o nono arguido no processo e regressa esta semana da República Centro Africana onde está em missão do exército.

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Base de Tancos Rui Gaudencio

Vasco Brazão, o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar (PJM) e investigador principal do assalto aos paióis de Tancos que esta terça-feira deverá chegar a Lisboa regressado da República Centro Africana, está “arrependido”. Brazão é o nono arguido no esquema montado entre a PJM, a GNR de Loulé e o alegado assaltante dos paióis para recuperar as armas roubadas em Junho do ano passado.

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Vasco Brazão, o ex-porta-voz da Polícia Judiciária Militar (PJM) e investigador principal do assalto aos paióis de Tancos que esta terça-feira deverá chegar a Lisboa regressado da República Centro Africana, está “arrependido”. Brazão é o nono arguido no esquema montado entre a PJM, a GNR de Loulé e o alegado assaltante dos paióis para recuperar as armas roubadas em Junho do ano passado.

É o próprio que o confessa na sua conta pessoal no Facebook: “Não sou criminoso nem tão pouco os meus camaradas de armas o são. Somos militares. Cumprimos ordens. Estamos prontos para morrer na defesa e na salvaguarda dos interesses nacionais. Somos formados assim. A salvaguarda dos interesses nacionais é sempre superior aos interesses individuais. Tenho um misto de sentimentos. Estou arrependido mas de consciência tranquila", escreve.

Vasco Brazão diz ainda que em breve se vai entregar à justiça, o que ainda não pode fazer por estar na República Centro Africana. “Nada mais quero do que, rapidamente, esclarecer a verdade dos factos”, garante, acrescentando que procurará transmitir ao Ministério Público a "duplicidade de sentimentos", entre o arrependimento e a consciência tranquila.

O major, que coordenava a investigação ao caso Tancos na PJM, será o nono arguido do inquérito, juntando-se aos outros sete militares da PJM e da GNR e ao civil que a PJ julga ser o presumível autor do furto.

O director da PJM, coronel Luís Vieira, ficou em prisão preventiva, assim como o suspeito do assalto. Os restantes militares que já foram ouvidos saíram em liberdade, com termo de identidade e residência, suspensão de funções e a proibição de manterem contactos entre si.

Carta anónima

Este alegado esquema entre a Polícia Judiciária Militar, a GNR de Loulé e o alegado assaltante, um ex-fuzileiro de 36 anos, terá sido montado para recuperar as armas, sem dar conhecimento à PJ, que coordena a investigação, de forma a ficar sozinha com os louros da recuperação das armas e, ao mesmo tempo, tentar afastar a PJ da liderança da investigação.

Neste domingo, o Diário de Notícias revela, citando a investigação do Ministério Público ao referido esquema, que a PJ foi informada por uma carta anónima deste esquema de forma pormenorizada e que, por pouco, não só recuperava as armas como detinha o alegado assaltante.