Palavras, expressões e algumas irritações: “Para maiores de 18”
Se, no caso de Serralves, todo este ruído à volta de contradições, disputas de poder e egos dilatados servir para que haja bom senso, mantendo-se a liberdade de o adulto escolher aquilo a que expõe os menores a seu cargo, protegendo-os, parece-nos bem. Muito.
Descubra as diferenças. O primeiro aviso à entrada das duas salas reservadas na exposição Robert Mapplethorpe: Pictures, em Serralves, era este: “Alertamos para a dimensão provocatória e o carácter eventualmente chocante da sexualidade contida em algumas obras expostas. A admissão nesta sala está reservada a maiores de 18 anos.” Depois, passou a ser este: “Dado o carácter sexualmente explícito de obras expostas nesta área, o acesso à mesma é reservado a maiores de 18 anos e a menores acompanhados dos respectivos representantes legais.”
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Descubra as diferenças. O primeiro aviso à entrada das duas salas reservadas na exposição Robert Mapplethorpe: Pictures, em Serralves, era este: “Alertamos para a dimensão provocatória e o carácter eventualmente chocante da sexualidade contida em algumas obras expostas. A admissão nesta sala está reservada a maiores de 18 anos.” Depois, passou a ser este: “Dado o carácter sexualmente explícito de obras expostas nesta área, o acesso à mesma é reservado a maiores de 18 anos e a menores acompanhados dos respectivos representantes legais.”
Preferimos ater-nos às semelhanças. A expressão, presente nas duas advertências, “maiores de 18”. Parece-nos bem. Acrescente-se-lhe o “para” e obteremos a classificação etária mais elevada para “os espectáculos de natureza artística e os divertimentos públicos”.
Esta classificação “de obras e conteúdos culturais é da competência da Inspecção-Geral das Actividades Culturais”, escreve-se no site da IGAC. Mas, segundo o seu inspector-geral, Luís Silveira Botelho, “as exposições de arte não carecem de classificação etária”.
Os outros escalões são “para maiores de 3 anos”, “de 6 anos”, “de 12 anos”, “de 14 anos” e “de 16 anos”. Para que servem? “A classificação etária é norteada pelos princípios de protecção de menores e de defesa do consumidor, consistindo em aconselhar a idade a partir da qual se considera que o conteúdo do espectáculo ou do divertimento público não é susceptível de provocar dano prejudicial ao desenvolvimento psíquico ou de influir negativamente na formação dos menores em causa.” Parece-nos bem.
Sobre o escalão mais elevado, diz-se: “Sempre que o espectáculo ou divertimento público possua conteúdo considerado pornográfico, de acordo com os critérios fixados pela Comissão de Classificação, o mesmo é classificado ‘Para maiores de 18 anos – Pornográfico’.”
Se todo este ruído à volta de contradições, disputas de poder e egos dilatados servir para que haja bom senso, mantendo-se a liberdade de o adulto escolher aquilo a que expõe os menores a seu cargo, protegendo-os, parece-nos bem. Muito.
A rubrica Palavras, expressões e algumas irritações encontra-se publicada no P2, caderno de domingo do PÚBLICO