Trump e as cartas de Kim Jong-un: "Foi assim que nos apaixonámos”
Num comício, o Presidente norte-americano admite uma segunda cimeira com o líder da Coreia do Norte e alega que saiu mais respeitado da Assembleia Geral da ONU.
Paixão – eis como o Presidente norte-americano, Donald Trump, descreve ao seu eleitorado a relação política que diz manter com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, com quem não descarta voltar a encontrar-se para uma segunda cimeira.
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Paixão – eis como o Presidente norte-americano, Donald Trump, descreve ao seu eleitorado a relação política que diz manter com o líder norte-coreano, Kim Jong-un, com quem não descarta voltar a encontrar-se para uma segunda cimeira.
Num comício com apoiantes no estado norte-americano da Virgínia Ocidental, Trump usou um registo que podia ser o de uma sessão de stand-up comedy para falar do que o une ao líder do regime de Pyongyang, com quem diz ter percorrido um “longo caminho”.
“Eu gosto dele e ele gosta de mim”, afirmou o Presidente dos Estados Unidos. “[Kim] escreveu-me belas cartas, grandes cartas. E foi assim que nos apaixonámos”. Para quem o ouvia no comício, ironizou: “Vocês sabem o que eles vão dizer agora: ‘Donald Trump disse que se apaixonou [por Kim], que horrível que isso é, tão pouco presidenciável…’”.
Os dois líderes encontraram-se em Junho em Singapura para uma cimeira onde assinaram um documento histórico mas vago e semelhante a outros que no passado acabaram por falhar nas relações entre os Estados Unidos e a Coreia do Norte.
Trump, o primeiro Presidente norte-americano em funções a encontrar-se com um líder do regime da Coreia do Norte, e a quem chamou “talentoso” no final da cimeira de Singapura, diz ter sido “duro” com Kim, tal como admite que este foi consigo. No comício na Virgínia Ocidental, deixou no ar a possibilidade de os dois se encontrarem uma segunda vez numa nova cimeira. “Não vou dizer o que vai acontecer… Quem sabe teremos um segundo encontro?”
No acordo que firmaram em Singapura, a Coreia do Norte comprometeu-se “a trabalhar rumo à total desnuclearização da Península Coreana”, algo que está longe do que Washington pedia nos meses anteriores e sem qualquer limite temporal para isso se concretizar. Do lado dos Estados Unidos ficou o compromisso de “dar garantias de segurança” a Pyongyang a troco da desnuclearização.
O Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, encontrou-se há pouco mais de uma semana com Kim e fez saber que Pyongyang concordou em desmantelar de forma permanente as principais instalações de testes e de lançamento de mísseis perto da fronteira com a China, em Yongbyon; em troca exige que os Estados Unidos tomem “medidas proporcionais” e encerrem instalações de testes em Punggye-ri e de lançamento de mísseis em Sohae.
Passa agora um ano desde que Trump ameaçou destruir a Coreia do Norte caso não concordasse em iniciar um processo de desnuclearização. Fê-lo na Assembleia Geral da ONU de Setembro de 2017 e quando ali regressou este ano para discursar elogiou os progressos feitos com o país asiático. “Com o apoio de muitos países que aqui estão hoje, levámos a Coreia do Norte a substituir o espectro do conflito por um impulso novo e corajoso na direcção da paz”, declarou nas Nações Unidas a 25 de Setembro.
No comício deste sábado, Trump também se referiu ao discurso na Assembleia Geral, onde a plateia se riu das suas palavras auto-elogiosas sobre os progressos que diz ter alcançado até agora como Presidente. Mas afirmou: “Acabei de deixar as Nações Unidas, acreditem em mim que eles agora respeitam-nos de novo”.