Cavaco sai de cerimónia de inauguração de campus da Nova antes de Marcelo discursar

Na quarta-feira, Cavaco comentou a não recondução de Joana Marques Vidal como "a mais estranha decisão" do Governo. Marcelo não terá gostado da observação.

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Nuno Ferreira Santos/Arquivo

O ex-Presidente da República Cavaco Silva marcou presença na cerimónia de inauguração do campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa, mas deixou o local antes do discurso do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.

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O ex-Presidente da República Cavaco Silva marcou presença na cerimónia de inauguração do campus de Carcavelos da Universidade Nova de Lisboa, mas deixou o local antes do discurso do chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa.

Marcelo Rebelo de Sousa chegou pelas 19h15, quinze minutos antes da hora prevista, e fez questão de cumprimentar o seu antecessor, Cavaco Silva, sentado, desde as 18h30, numa das pontas da primeira fila, uma vez que já planeava sair antes do fim da cerimónia. À chegada, o Presidente da República foi efusivamente aplaudido pela plateia.

Menos de dez minutos depois da entrada do chefe de Estado, Cavaco Silva deixou o local e, à saída, questionado pelos jornalistas se iria sair sem ouvir Marcelo Rebelo de Sousa, justificou: "Vou para uma festa familiar a que não posso faltar".

Nos últimos dias, o actual e o anterior chefes de Estado envolveram-se numa troca de palavras a propósito da não recondução da actual procuradora-geral da República (PGR), Joana Marques Vidal, que será substituída por Lucília Gago.

Na quarta-feira, Cavaco Silva considerou que a não recondução da PGR foi a decisão "mais estranha do Governo que geralmente é conhecido como gerigonça".

Cavaco Silva, que falou à margem de um congresso da Associação Portuguesa para o Desenvolvimento das Comunicações (APDC), classificou a não recondução de Joana Marques Vidal como algo "muito estranho, estranhíssimo, tendo em atenção a forma competente como exerceu as suas funções e o seu contributo decisivo para a credibilização do Ministério Público".

Um dia depois, Marcelo Rebelo de Sousa salientou que é ao Presidente da República e não ao Governo a quem cabe nomear a PGR, dizendo que "por uma questão de cortesia e de sentido de Estado" não comentaria as palavras de Cavaco Silva.

"O que me está a dizer é que o Presidente Cavaco Silva, no fundo, disse que era a mais estranha decisão do meu mandato. Perante isso, tenho sempre o mesmo comportamento: entendo que, desde que exerço estas funções, não devo comentar nem ex-Presidentes, nem amanhã quando o deixar de o ser, futuros Presidentes, por uma questão de cortesia e de sentido de Estado, e não me vou afastar dessa orientação", afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, à margem da IV Cimeira do Turismo, organizada pela Confederação do Turismo de Portugal.

Este sábado, em declarações à RTP antes da cerimónia de inauguração e questionado sobre esta troca de palavras, Cavaco Silva invocou a sua experiência política, sem dar uma resposta directa.

"Eu tenho uma experiência de dez anos de primeiro-ministro e dez anos de Presidente da República e também um ano de ministro das Finanças. Sei bem aquilo que se passa no mundo da política. Mas, evito fazer comentários e raramente os faço", afirmou.

Na semana passada, o Presidente da República nomeou Lucília Gago procuradora-geral da República, com efeitos a partir de 12 de Outubro, sob proposta do Governo. Lucília Gago irá suceder no cargo a Joana Marques Vidal, que termina o seu mandato de seis anos nessa data.

Na cerimónia de inauguração do novo campus da Nova, onde ficará instalada a Faculdade de Economia, marcaram presença os ministros da Economia, Manuel Caldeira Cabral, e o do Ensino Superior, Manuel Heitor, o ex-Presidente da República Cavaco Silva, a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, e o seu antecessor, Paulo Portas.

Os ex-ministros Miguel Poiares Maduro (PSD), Luís Amado (PS), Pedro Mota Soares (CDS-PP), Maria de Belém Roseira (PS), o presidente da EDP António Mexia e o presidente e vice-presidentes da Câmara de Cascais, Carlos Carreiras e Miguel Pinto Luz, bem como a conselheira de Estado Leonor Beleza foram algumas das muitas figuras do mundo político, académico e económico que marcaram presença em Carcavelos.