Nascimento de prematuros entre as 22 e as 24 semanas duplicou
Dados comparam o que se passou em Portugal entre 2004 e 2015.
O nascimento de prematuros em Portugal entre as 22 e as 24 semanas de gestação mais do que duplicou de 2004 para 2015, segundo dados de um estudo europeu publicado nesta quinta-feira na revista The Lancet.
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O nascimento de prematuros em Portugal entre as 22 e as 24 semanas de gestação mais do que duplicou de 2004 para 2015, segundo dados de um estudo europeu publicado nesta quinta-feira na revista The Lancet.
Segundo os dados analisados, em 2004 nasceram em Portugal 16 bebés com idade gestacional entre as 22 e as 24 semanas. Em 2010 nasceram 19 e em 2015 passaram para 36.
Em 2015, dos mais de 86 mil nascimentos a partir das 22 semanas de gestação, foram registados cerca de 280 nados mortos.
As mortes fetais entre as 22 e as 24 semanas representaram em Portugal oito por cento de todos os dados mortos, enquanto as mortes entre as 24 e as 28 semanas configuravam 16%.
Ou seja, de todos os nados mortos registados em Portugal, quase um quarto ocorre em nascimentos entre as 22 e as 28 semanas.
No estudo publicado na revista The Lancet, os investigadores concluem que uma em cada três mortes fetais ocorre antes das 28 semanas de gravidez, indicando que os dados oficiais têm sido subestimados.
Portugal surge como um dos poucos países analisados, de uma lista de 19, em que é registada e considerada a morte fetal a partir das 22 semanas de gestação.
Houve, aliás, países europeus excluídos deste estudo, como França e Espanha, por não terem dados nacional de mortalidade fetal por idade gestacional nos períodos avaliados.
"Há grandes e sérias lacunas no nosso conhecido do peso dos nados mortos, que pode ter impactos imprevisíveis nas famílias. Para uma mãe ou pai, um nado morto no segundo trimestre de gravidez não é menos trágico do que às 28 semanas ou mais tarde. Esses pais também merecem reconhecimento da sua perda e um registo preciso da morte do seu filho de forma a melhorar os cuidados e as políticas", afirma a médica e investigadora que liderou a pesquisa, Lucy Smith, da Universidade de Leicester, Reino Unido.
O estudo analisou dados sobre 2,5 milhões de bebés em 19 países europeus e concluiu que o peso de nados mortos foi subestimado em pelo menos um terço, devido às recomendações para registar como nados mortos fetos a partir das 28 semanas de gestação.