Cuidadores informais em vigília em frente ao Parlamento exigem estatuto
"Estatuto do Cuidador já", exigiram os manifestantes que se concentram junto às escadarias da Assembleia da República.
Os cuidadores informais iniciaram nesta quinta-feira uma vigília em frente ao Parlamento em defesa de um estatuto que lhes garanta apoio e protecção social e laboral, depois de o primeiro-ministro alegar que a medida teria custos orçamentais elevados.
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Os cuidadores informais iniciaram nesta quinta-feira uma vigília em frente ao Parlamento em defesa de um estatuto que lhes garanta apoio e protecção social e laboral, depois de o primeiro-ministro alegar que a medida teria custos orçamentais elevados.
"Estatuto do Cuidador já", exigiram os manifestantes que se concentram junto às escadarias da Assembleia da República, numa acção convocada pela Associação Nacional de Cuidadores Informais, a que se juntou também a Portugal AVC.
O Estatuto do Cuidador Informal está no Parlamento para debate na especialidade e diversas entidades têm sido ouvidas pelos deputados sobre o assunto.
O Bloco de Esquerda apresentou um projecto de lei sobre a criação do estatuto do cuidador informal, mas o primeiro-ministro, António Costa, afastou na quarta-feira a hipótese de incluir no Orçamento do Estado para 2019 uma verba destinada às medidas de protecção sugeridas pelo BE e reclamadas pelos cuidadores.
Em declarações à Lusa, a presidente da Assembleia Geral da Associação, Maria dos Anjos Catapirra, confessou a desilusão com as palavras do chefe do governo.
"Andamos nisto há quase três anos. Chega. As coisas não melhoram, pelo contrário, cada vez fica pior", disse.
Afirmando estar de acordo quanto ao princípio e a "bondade da intenção" da criação de mecanismos de protecção para os cuidadores informais, António Costa argumentou que é preciso "medir o custo" e que, se no "ano zero" o plano custaria 120 milhões de euros, "quando atingir a velocidade de cruzeiro" serão 800 milhões de euros anuais.
José Soeiro, deputado do BE que tem acompanhado o processo, dirigiu-se hoje aos manifestantes para os cumprimentar e em declarações aos jornalistas afirmou desconhecer as contas que levaram o primeiro-ministro a falar em 800 milhões de euros.
"Não faço a mínima ideia de onde foi retirado o valor de 800 milhões, o valor que o Governo nos deu foi de 120 milhões de euros. Já pedi ao Governo que nos faça chegar essas contas se tem outros dados", indicou.
O BE defende que há medidas sem impacto orçamental, como as licenças no trabalho. "Outras implicarão alguma reorganização dos serviços, mas o impacto será residual", defendeu.
"Certamente os cuidadores aceitam que nem tudo seja incluído neste orçamento, mas alguma coisa tem de lá estar", frisou.
A vigília decorre até às 20h de sexta-feira e os manifestantes esperam receber a visita de outros deputados, nomeadamente do PS.
Nas grades de segurança colocadas ao fundo das escadarias, os cartazes falam por muitos cuidadores de familiares, com doenças incapacitantes, que não podem estar presentes na vigília, por não terem a quem os confiar. Exigem "dignidade", "direitos humanos" para todos e perguntam "Quem cuida dos Cuidadores?".