Funcionários do Museu de Serralves pedem esclarecimentos à administração
Carta dos trabalhadores foi enviada à administração e ao presidente do conselho de fundadores, mas nem Ana Pinho nem Braga da Cruz quiseram comentar.
Um grupo de mais de vinte funcionários do Museu de Arte Contemporânea de Serralves enviou uma carta à administração, com conhecimento ao presidente do Conselho de Fundadores, Luís Braga da Cruz, pedindo esclarecimentos sobre a situação que se vive na instituição. A carta, subscrita por 24 dos 26 elementos da equipa do museu, foi entregue na terça-feira, na véspera da conferência de imprensa convocada pela administração, durante a qual a presidente da fundação se recusou a comentar as várias notícias que vêm dando conta do alegado mal-estar que se vive em Serralves.
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Um grupo de mais de vinte funcionários do Museu de Arte Contemporânea de Serralves enviou uma carta à administração, com conhecimento ao presidente do Conselho de Fundadores, Luís Braga da Cruz, pedindo esclarecimentos sobre a situação que se vive na instituição. A carta, subscrita por 24 dos 26 elementos da equipa do museu, foi entregue na terça-feira, na véspera da conferência de imprensa convocada pela administração, durante a qual a presidente da fundação se recusou a comentar as várias notícias que vêm dando conta do alegado mal-estar que se vive em Serralves.
O PÚBLICO tentou obter esta quinta-feira um comentário de Ana Pinho, mas a presidente informou, através dos serviços de imprensa da fundação, que não iria fazer quaisquer comentários neste momento. O PÚBLICO sabe, no entanto, que vários coordenadores de serviços de Serralves que assinaram o documento já foram chamados a reuniões com a comissão executiva da administração, que inclui, além de Ana Pinho, Isabel Pires de Lima e Manuel Ferreira da Silva.
“Não tenho nenhum comentário a fazer” foi também a resposta de Luís Braga da Cruz quando o PÚBLICO lhe pediu que confirmasse a recepção da carta. O presidente do conselho de fundadores declinou igualmente comentar a reacção do presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, à sua recusa em convocar uma reunião extraordinária do órgão a que preside para discutir a situação que se vive em Serralves após a demissão do director do Museu de Arte Contemporânea, João Ribas.
Numa carta enviada a Braga da Cruz na terça-feira, Rui Moreira salientava que as notícias que vinham saindo sobre Serralves em órgãos de comunicação nacionais e estrangeiros afectavam a imagem da instituição e pedia-lhe que antecipasse a reunião do conselho de fundadores. Pedido que este recusou, o que levou o presidente da Câmara do Porto, em declarações ao Jornal de Notícias, a acusá-lo de “pusilanimidade”.
Observando que a autarquia “tem um lugar um bocadinho especial no conselho de fundadores de Serralves, de que faz parte por lei”, Rui Moreira confirmou ao PÚBLICO que recebera na quarta-feira à tarde a resposta negativa de Braga da Cruz, na qual este recordava que o conselho de fundadores só podia ser convocado por sua iniciativa ou a pedido do conselho de administração, que a presidente de Serralves já se tinha prontificado para prestar esclarecimentos e que entendia que não se justificava antecipar a reunião prevista para 5 de Dezembro”.
O presidente da Câmara do Porto acrescenta ter falado com Ana Pinho, Manuel Ferreira da Silva e José Pacheco Pereira antes de escrever a Braga da Cruz e explica que a autarquia está muito preocupada com o impacto do que se passa em Serralves no prestígio da fundação, lembra que esta foi sempre considerada como “um exemplo de instituição emanada da sociedade civil”, e que por isso mesmo achou que não devia intervir sem ouvir o conselho de fundadores.
Com as notícias da demissão de Ribas e as suspeitas de interferências da administração no trabalho do director artístico a chegarem à imprensa especializada internacional, como a Artnews ou a Art Forum, e também a jornais como o espanhol El País ou o brasileiro O Globo, o que parece cada vez mais claro é que a saída do director artístico é apenas o sinal mais visível de um clima de tensão que já vem de trás, e que justificará quer esta iniciativa dos funcionários, quer o facto de 18 pessoas terem deixado Serralves após a entrada em funções da nova presidente, incluindo a directora-geral, Odete Patrício, que nunca foi substituída, e agora o director do museu, João Ribas.