Ligar a Europa e a Ásia de forma sustentável
Em conjunto, a Europa e a Ásia representam quase 70% da população mundial e mais de 60% do PIB mundial.
A União Europeia é a região do mundo mais interligada. Graças ao mercado interno, os produtos fabricados no Porto são facilmente vendidos em Katowice. Os estudantes podem facilmente candidatar-se a empregos em toda a União Europeia, seguros de que as qualificações que obtiveram são reconhecidas e equiparáveis às das outras universidades da UE. É possível apanhar o comboio de Bruxelas para Viena tão livremente como de Bruxelas para Bruges. Estas ligações criaram oportunidades para os cidadãos da UE, as empresas e os investidores, e contribuíram para uma maior prosperidade de todos os cidadãos europeus.
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A União Europeia é a região do mundo mais interligada. Graças ao mercado interno, os produtos fabricados no Porto são facilmente vendidos em Katowice. Os estudantes podem facilmente candidatar-se a empregos em toda a União Europeia, seguros de que as qualificações que obtiveram são reconhecidas e equiparáveis às das outras universidades da UE. É possível apanhar o comboio de Bruxelas para Viena tão livremente como de Bruxelas para Bruges. Estas ligações criaram oportunidades para os cidadãos da UE, as empresas e os investidores, e contribuíram para uma maior prosperidade de todos os cidadãos europeus.
Existem três princípios para esta conectividade "à europeia". A conectividade deve ser sustentável: do ponto de vista económico, orçamental, ambiental e social. A conectividade deve ser abrangente, incidindo sobre todos os aspetos, dos transportes ao digital, da energia à dimensão humana. E a conectividade deve ser estabelecida de acordo com as regras e regulamentos internacionais, que são cruciais para as mercadorias, serviços, capitais e pessoas circularem de forma eficiente e justa.
Nem todas as potências mundiais partilham a mesma abordagem. Alguns procuraram soluções de curto prazo, financiamento imediatamente disponível e construção rápida, que se traduzem, frequentemente, em endividamento excessivo, padrões ambientais e sociais menos rigorosos e processos de contratação desleais.
Na semana passada, definimos a forma de alargar a abordagem da União Europeia em matéria de conectividade sustentável, especificamente em relação à Ásia.
Com base na conectividade sustentável, abrangente e baseada em regras, a União Europeia está a sensibilizar os nossos parceiros, desde os Balcãs Ocidentais até à Ásia Central, da Europa Oriental e Cáucaso ao Sudeste Asiático, para reforçar os nossos laços de forma benéfica para todos nós e para o nosso planeta. Vamos fazê-lo de três formas.
Em primeiro lugar, vamos contribuir para novas ligações e redes entre a Europa e a Ásia. Trabalharemos no sentido de expandir, por exemplo, a nossa Rede Transeuropeia de Transportes, que aproxima as pessoas e facilita o comércio através da eliminação de entraves técnicos para as redes de transportes, modernizar as infraestruturas e harmonizar a legislação. Prosseguiremos uma agenda digital sustentável com a Ásia, a fim de promover o desenvolvimento socioeconómico através do acesso universal e a preços razoáveis às tecnologias e serviços digitais. Vamos partilhar a nossa experiência de criação de mercados regionais da energia liberalizados, com destaque para a transição para uma energia limpa induzida pelo mercado. E continuaremos a promover os intercâmbios e a mobilidade humana como uma forma de criar ligações, fomentar a compreensão mútua e partilhar ideias.
Em segundo lugar, temos de criar e reforçar parcerias para uma abordagem comum em matéria de conectividade. Muitas dessas parcerias já existem. Com a China, por exemplo, dispomos de uma plataforma bilateral de conectividade, onde nos encontrarmos para discutir as sinergias, bem como os diferentes pontos de vista. Temos investido muito em estruturas de cooperação regional no mar Báltico e no mar Negro, criámos um plano de conectividade com a Associação das Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) até 2025, e dialogamos regularmente com outras estruturas regionais da Ásia. A conectividade não pode limitar-se a bolsas regionais, nem excluir partes intervenientes legítimas, nem deixar para último lugar as questões ambientais: precisamos de regras e normas comuns. Por este motivo, a UE está a trabalhar com as organizações internacionais e europeias de normalização, a Agência Internacional da Energia, a Organização Mundial do Comércio e outras organizações importantes com um mandato global. As empresas europeias devem ter condições de concorrência equitativas face aos seus concorrentes e dispor do mesmo acesso aos mercados estrangeiros que os outros têm na UE.
Por último, a União Europeia mobilizará todos os instrumentos financeiros de que dispõe para assegurar um financiamento adequado para os projetos de conectividade, utilizando plenamente o potencial do Banco Europeu de Investimento e dos novos instrumentos para o investimento externo disponíveis no âmbito do orçamento da UE. De acordo com o Banco Asiático de Desenvolvimento, nas próximas décadas a Ásia precisa de mais de 1,3 biliões de euros por ano de investimento em infraestruturas. A UE pode apoiar os países asiáticos a vencer este desafio do investimento, alavancando o financiamento privado através de uma combinação de subvenções, garantias, empréstimos e financiamento misto. É evidente que, na abordagem da UE, o investimento só pode ser apoiado quando, do ponto de vista orçamental, for viável e financeiramente sustentável.
Em conjunto, a Europa e a Ásia representam quase 70% da população mundial e mais de 60% do PIB mundial. Prevê-se que a Ásia será a região de maior crescimento económico e de procura de novas energias. Continuaremos a cooperar com a Ásia sobre as questões relacionadas com a conectividade e tudo faremos para que tal se processe de forma benéfica para os países europeus e asiáticos, bem como para os restantes. Assim, poderemos ser o motor de um futuro mais justo, próspero e sustentável para a Europa e para o mundo. A conectividade sustentável, baseada em parcerias sólidas e em regras, é o melhor caminho a seguir para a UE, a Europa e a Ásia.
A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico