Corbyn: "Os trabalhistas vão votar contra a saída da União Europeia sem acordo"

Líder trabalhista continua a pressionar Theresa May relativamente às negociações sobre o "Brexit", que entraram num impasse. Primeira-ministra diz que eleições antecipadas não servem ao "interesse nacional".

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Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista britânico, voltou a lançar avisos à primeira-ministra, Theresa May, garantindo que o seu partido vai votar contra o acordo sobre o “Brexit” caso se mantenham as propostas apresentadas pelo Governo de Londres.

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Jeremy Corbyn, líder do Partido Trabalhista britânico, voltou a lançar avisos à primeira-ministra, Theresa May, garantindo que o seu partido vai votar contra o acordo sobre o “Brexit” caso se mantenham as propostas apresentadas pelo Governo de Londres.

No discurso de encerramento do congresso trabalhista, Corbyn disse ainda que se o acordo entre Londres e Bruxelas for rejeitado pelo Parlamento, o Labour vai pedir eleições antecipadas, o que já havia afirmado durante o fim-de-semana.

“Tal como está, os trabalhistas vão votar contra o ‘plano Chequers’ ou o que restará dele e vão opor-se a uma saída da União Europeia sem acordo”, afirmou Corbyn no congresso que se realizou na cidade de Liverpool.

Em Nova Iorque, onde marca presença na Assembleia Geral da ONU, Theresa May falou aos jornalistas e defendeu que “não é do interesse nacional ter eleições” antecipadas.

No último fim-de-semana foram avançadas notícias que davam conta de que o Governo britânico estava a preparar um plano de contingências, depois de os líderes europeus terem rejeitado o chamado “plano de Chequers”, apresentado por May, e que englobava o cenário de eleições em Novembro.

Essas notícias foram desmentidas por responsáveis do Governo, e a primeira-ministra assegurou que não está a pensar nisso: “O que estou a fazer é trabalhar para alcançar um bom acordo com a Europa em nome do interesse nacional”.

Num fórum empresarial organizado pela Bloomberg, May garantiu que "o Reino Unido pós-'Brexit'" vai ser atractivo às empresas: "Seja qual for a vossa empresa, investir no Reino Unido depois do 'Brexit' vai dar-vos a taxa de imposto sobre as empresas mais baixa do G20".

Por seu lado, em Liverpool, Corbyn não quer sequer ouvir falar numa saída da UE sem qualquer acordo, pelo que, diz, o Labour está preparado para ir eleições e tomar as rédeas das negociações com Bruxelas: “É inconcebível que devamos sair da Europa sem um acordo – seria um desastre nacional. É por isso que, se o Parlamento chumbar um acordo Tory ou se o Governo não conseguir alcançar qualquer acordo, pressionaremos para a realização de uma eleição geral”.

E já começou a lançar as bases para uma eventual candidatura à chefia do Governo: “Quando nos encontrarmos da próxima vez, no próximo ano, que seja com um Governo Labour. Investir no Reino Unido depois de anos de austeridade e de negligência, e unir o nosso país de uma década de divisão”.

Nesta terça-feira os membros do Partido Trabalhista aprovaram de forma “avassaladora” uma moção que admite a realização de um segundo referendo. No entanto, Corbyn já tinha afirmado que prefere novas eleições, ainda que se tenha comprometido a respeitar qualquer decisão das bases do partido.

As negociações para o “Brexit” entraram num impasse quando, na semana passada, durante a cimeira de Salzburgo, os líderes europeus rejeitaram liminarmente as propostas apresentadas por Theresa May que prevêem um acordo de comércio livre de bens agrícolas e industriais. 

Esta rejeição tornou improvável que Londres e Bruxelas cheguem a um acordo até à próxima cimeira, em Outubro, ainda que tenha sido levantada a possibilidade de marcação de uma segunda cimeira, em Novembro, para que o calendário seja cumprido (o processo de saída do Reino Unido da UE tem como prazo final o dia 29 de Março).

Perante o crescimento da pressão sobre o Governo de May no Reino Unido, os responsáveis europeus estão cada vez mais preocupados com o desfecho do “Brexit”. Segundo o Guardian, foi distribuído um documento pelos embaixadores em Bruxelas para que se preparem para uma intensificação do trabalho numa altura em que “permanece a incerteza sobre o resultado das negociações e a ratificação de um possível acordo”.