Já está em curso a atribulada terceira época de Mourinho no Manchester United
O treinador português do Manchester United confirma sinais de tensão já vistos em anteriores passagens pelo Chelsea e Real Madrid. Relacionamento entre o técnico e Pogba é apenas o último sinal de conflito.
Breve resumo do que tem sido a temporada de José Mourinho e do Manchester United até ao momento: começou por queixar-se de falta de reforços, exigiu “respeito” aos jornalistas após perder 0-3 com o Tottenham, foi eliminado na Taça da Liga inglesa pelo Derby County, do segundo escalão, e transportou a tensão com Paul Pogba para a esfera pública ao retirá-lo do lote de capitães — os dois foram ontem filmados no treino e foi evidente a frieza entre ambos. A síndrome da terceira época de José Mourinho é algo que já adquiriu contornos de evidência científica (as últimas trocas de clube na sua carreira, Real Madrid e Chelsea, aconteceram em contexto de conflito e ao terceiro ano) e ninguém ficará surpreendido se a passagem pelo Manchester United também terminar na terceira temporada, face ao desgaste que vai sendo perceptível.
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Breve resumo do que tem sido a temporada de José Mourinho e do Manchester United até ao momento: começou por queixar-se de falta de reforços, exigiu “respeito” aos jornalistas após perder 0-3 com o Tottenham, foi eliminado na Taça da Liga inglesa pelo Derby County, do segundo escalão, e transportou a tensão com Paul Pogba para a esfera pública ao retirá-lo do lote de capitães — os dois foram ontem filmados no treino e foi evidente a frieza entre ambos. A síndrome da terceira época de José Mourinho é algo que já adquiriu contornos de evidência científica (as últimas trocas de clube na sua carreira, Real Madrid e Chelsea, aconteceram em contexto de conflito e ao terceiro ano) e ninguém ficará surpreendido se a passagem pelo Manchester United também terminar na terceira temporada, face ao desgaste que vai sendo perceptível.
O divórcio está à vista, a questão é saber de que lado vai partir a corda. José Mourinho e Paul Pogba são os dois egos em confronto no Manchester United, e o choque deixa adivinhar algo sobre o treinador português de 55 anos: já não é capaz de chegar aos seus jogadores como acontecia antigamente, quando a sua partida (do Inter de Milão) fazia futebolistas como Marco Materazzi ficarem lavados em lágrimas. No Real Madrid, e na sua segunda passagem pelo Chelsea, não houve essas cenas. “[Mourinho] desgasta os seus jogadores, torna isso uma rotina e, no limite, os jogadores viram-se contra ele. O padrão da carreira de Mourinho sugere que normalmente a situação piora, em vez de melhorar”, escreveu Daniel Taylor no The Guardian.
“Nunca serei capaz de trabalhar sem sucesso. Não está na minha natureza”, afirmava José Mourinho em 2016, na apresentação como novo treinador do Manchester United. Mas os resultados, a medida para avaliar o trabalho de qualquer treinador, contrariam a aura de vencedor em série que o português foi construindo. À sexta jornada está no sétimo lugar, com dez pontos (três vitórias, um empate e duas derrotas), nove golos marcados e outros tantos sofridos. Há um ano, pela mesma altura, somava 16 pontos (cinco triunfos e um empate) e contava 17 golos marcados e apenas dois sofridos. Nas últimas cinco temporadas só ergueu troféus em duas delas — em 2016-17 conduziu o Manchester United à conquista da Liga Europa, Supertaça inglesa e Taça da Liga inglesa, e em 2014-15 tinha ganho a Liga inglesa e a Taça de Inglaterra pelo Chelsea.
O problema Pogba
O progressivo afastamento relativamente a Pogba marca esta época. Contratado em 2016, quando Mourinho chega a Old Trafford, por um valor então recorde de 105 milhões de euros, o francês tem passado por dificuldades para mostrar-se ao seu melhor nível. Numa fase inicial, o treinador português fez questão de defendê-lo das críticas: “O Paul [Pogba] não tem culpa de ganhar dez vezes mais do que alguns jogadores muito bons ganharam no passado”, afirmava há um ano.
O cenário alterou-se drasticamente. Após ter promovido Pogba ao lote de capitães de equipa, no início desta época, Mourinho não demorou a retirar-lhe esse estatuto. Na sequência do empate caseiro frente ao Wolverhampton, o francês de 25 anos defendeu que a equipa devia assumir outra postura e “atacar, atacar, atacar”. “És um bom jogador, mas não um jogador especial”, ter-lhe-á dito Mourinho em frente aos companheiros.
A tensão já nem é disfarçada. Nas imagens registadas durante o treino de desta quarta-feira, os dois não se cumprimentam e a linguagem corporal mostra frieza da parte de Mourinho e incredulidade de Pogba com qualquer coisa que o português lhe diz. O Barcelona encabeça a lista de pretendentes ao francês e ninguém descarta uma transferência no Inverno. Entretanto, a sombra de Zidane paira, ameaçadora, sobre Mourinho. Por que lado irá partir a corda?