Fundadores do Instagram saem e deixam a empresa nas mãos de Zuckerberg
O afastamento chega numa altura em que a aplicação é cada vez mais importante para o Facebook.
A dupla por detrás do Instagram – Kevin Systrom e Mike Krieger – vai abandonar a liderança da aplicação que o Facebook comprou por cerca de mil milhões de dólares em 2012. A saída vem cerca de meio ano depois de os fundadores da aplicação de mensagens WhatsApp, que o Facebook comprou em 2014, também anunciarem a sua saída, por conflitos relacionados com a visão de Mark Zuckerberg sobre a privacidade.
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A dupla por detrás do Instagram – Kevin Systrom e Mike Krieger – vai abandonar a liderança da aplicação que o Facebook comprou por cerca de mil milhões de dólares em 2012. A saída vem cerca de meio ano depois de os fundadores da aplicação de mensagens WhatsApp, que o Facebook comprou em 2014, também anunciarem a sua saída, por conflitos relacionados com a visão de Mark Zuckerberg sobre a privacidade.
Systrom e Krieger rejeitam a existência de tensões com Zuckerberg. “Estamos gratos pelos últimos oito anos no Instagram, e seis anos com a equipa do Facebook”, escrevem os fundadores na nota de despedida. Acrescentam que vão fazer uma pausa no trabalho para reunir ideias e pensar num novo projecto. “Estamos prontos para o nosso próximo capítulo.”
O afastamento de Systrom e Krieger representa o fim do envolvimento de todos os fundadores das três grandes aquisições do Facebook (a rede social Instagram, o serviço de mensagens WhatsApp e os óculos de realidade virtual Oculus) nos projectos.
A família de aplicações sob alçada do Facebook é cada vez mais importante para a empresa, com a populariade do Instagram a aumentar entre os utilizadores mais jovens, enquanto a utilização do Facebook está a estagnar.
Para Mark Zuckeberg, os criadores do Instagram foram “líderes de produto extraordinários”. Num comunicado sobre a sua saída, diz apenas que “está curioso para ver o que vão criar.”
Os dois empresários, ambos alunos da Universidade de Stanford, nos EUA, fundaram o Instagram em 2010. A primeira fotografia, publicada a 16 de Julho, é a do cão de Systrom, deitado ao lado do pé da então namorada (ainda hoje, recebe comentários). Natural do estado dos Massachusetts, EUA, Systrom é o mais conhecido da dupla. Aos 34 anos, está entre os 20 empresários norte-americanos mais ricos com menos de 40 anos. Antes de criar o Instagram, trabalhou para a Google e hoje tem um património avaliado em mais de 1,4 mil milhões de dólares, segundo a revista Forbes.
O parceiro de negócios Mike Krieger é natural de São Paulo, no Brasil, mas mudou-se para os EUA em 2004 para estudar também em Stanford. No último ano da licenciatura, foi convidado por Mark Zuckerberg para trabalhar no Facebook, mas rejeitou a proposta para terminar o último ano de faculdade. “Teria sido um bom negócio, mas é curioso como tudo se resolveu”, disse numa conversa com a Forbes em 2012. Terminado os estudos, juntou-se a Systrom – que conheceu na faculdade – para participar num projecto de partilha de locais, imagens e vídeos. Chamava-se Burbn e, depois de simplificado, viria a tornar-se no Instagram. Aos 32 anos, tem uma fortuna avaliada em 500 milhões de dólares.
O Facebook ainda não se pronunciou sobre quem vai tomar o lugar da dupla na liderança do Instagram.
A importância do Instagram
Em Julho, o valor do Facebook em bolsa caiu 118 mil milhões de dólares (uma queda de quase 20%), depois de Mark Zuckerberg ter dito aos investidores que a taxa de crescimento de utilizadores da rede social estava a diminuir e que essa tendência iria manter-se até ao final do ano.
Na altura, Zuckerberg optou por destacar que 2500 milhões de pessoas usam pelo menos uma das aplicações do Facebook, incluindo o WhatsApp e o Instagram, e que o crescimento do Instagram se mantinha forte, com mais de 1000 milhões de utilizadores. Embora os números do Facebook sejam maiores, com a rede social a juntar 1470 milhões de utilizadores activos diariamente, o valor está ligeiramente abaixo do que a própria empresa chegou a estimar, uma diferença a que os investidores reagiram.
Quando o Facebook anunciou a aquisição do Instagram, a empresa tinha apenas 13 empregados e 30 milhões de utilizadores. Apesar da compra, a aplicação continuou a ser desenvolvida de forma independente daquela rede social e, nos últimos dois anos, tem conseguido escapar a muitas das controvérsias que têm afectado a empresa-mãe, como a difusão de notícias falsas, o uso indevido de dados pessoais e a promoção do ódio.
Recentemente, porém, alguns utilizadores começam a criticar o aumento de publicidade na rede social. Este mês, uma investigação do site Business Insider revelou que o novo serviço de televisão do Instagram – que permite vídeos de dez minutos – estava a recomendar vídeos que incluíam abusos sexuais de crianças e mutilação genital. A rede social já prometeu que ia intensificar a monitorização do conteúdo.