CDS propõe comissão de inquérito a Tancos
Bancada centrista avança com iniciativa para apurar o que se passou com material militar desaparecido
O CDS-PP vai propor uma comissão parlamentar de inquérito sobre o desaparecimento e reaparecimento de material militar em Tancos, no dia em foram detidas pelo menos seis pessoas, incluindo o director da Polícia Judiciária Militar, coronel Luís Vieira.
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O CDS-PP vai propor uma comissão parlamentar de inquérito sobre o desaparecimento e reaparecimento de material militar em Tancos, no dia em foram detidas pelo menos seis pessoas, incluindo o director da Polícia Judiciária Militar, coronel Luís Vieira.
Nuno Magalhães, líder da bancada centrista, afirmou que o objecto da iniciativa é "apurar responsabilidades políticas", remetendo as responsabilidades criminais para os tribunais. "Queremos apurar aquilo que foi feito e não foi feito pelo ministro [da Defesa Nacional] para impedir o furto de material de guerra e que fosse recuperado o mais depressa possível e que pudesse apurar a responsabilidades internas, que desse garantias de que não voltasse a suceder. Nada disso o ministro foi capaz de fazer", disse o líder parlamentar, esta tarde, em conferência de imprensa, no Parlamento.
Sem ter acertado previamente com "nenhuma bancada", Nuno Magalhães mostrou-se disponível para ajustar o texto da proposta que deverá ser entregue nas próximas 48 horas. O CDS apontou o dedo ao ministro Azeredo Lopes - "estará a mais" no Governo - e é a ele que acusa de não ter dado esclarecimentos políticos nos últimos 13 meses. Questionado sobre se os esclarecimentos dados pelo ministro da Defesa não seriam suficientes, o líder da bancada centrista argumentou que "o CDS não ouviu nenhuma explicação" da parte do Governo. "Primeiro houve desvalorização e depois omissão ao não dar explicações. E até uma contradição quando o ministro duvidou que tivesse havido roubo e o ministro dos Negócios Estrangeiros disse ser um caso gravíssimo", disse.
A bancada centrista tem insistido no Parlamento no esclarecimento deste caso e a hipótese de propor uma comissão de inquérito já estava a ser ponderada há vários meses. A iniciativa será agora concretizada quando as autoridades, no âmbito da investigação ao reaparecimento do material de guerra na Chamusca, fazem buscas e várias detenções e no dia em que o Presidente da República também emite uma nota sobre o caso. No comunicado, Marcelo Rebelo de Sousa declara ter insistido “desde o primeiro dia no esclarecimento integral do caso de Tancos" e que reiterou recentemente que esperava desenvolvimentos.
Ainda esta manhã, a líder do CDS lembrou que a bancada já chamou “amiúde” ao Parlamento responsáveis, como o chefe do Estado-Maior do Exército ou o ministro da Defesa, para darem esclarecimentos aos deputados e não descartou a hipótese de um pedido de inquérito parlamentar “para descobrir o que aconteceu em Tancos”.
Ler mais aqui sobre as detenções a propósito do assalto em Tancos.