Ex-presidente do IPDJ revela ingerência do secretário de Estado do Desporto
Augusto Baganha revelou no Parlamento ter sido pressionado pelo governante para resolver a questão da interdição do Estádio da Luz.
O antigo presidente do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) Augusto Baganha revelou nesta terça-feira que o secretário de Estado da Juventude e Desporto pressionou a sua direcção para que resolvesse a interdição ao Estádio da Luz.
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O antigo presidente do Instituto Português do Desporto e da Juventude (IPDJ) Augusto Baganha revelou nesta terça-feira que o secretário de Estado da Juventude e Desporto pressionou a sua direcção para que resolvesse a interdição ao Estádio da Luz.
Augusto Baganha concretizou nesta terça-feira, durante a sua audição perante a Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto da Assembleia da República, algumas das acusações que tinha proferido nos últimos dias relativamente ao secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, e à exoneração do cargo de presidente do IPDJ.
O ex-dirigente disse que uma das formas de pressão de que foi alvo enquanto estava no cargo prendeu-se com a resolução do caso de interdição do Estádio da Luz em Julho de 2017.
"Um exemplo que eu posso revelar é que o secretário de Estado enviou uma mensagem à minha vogal, Lídia Praça, com o número do advogado do Benfica, com o objectivo de resolver a questão da interdição do Estádio da Luz, e fê-lo com alguma impulsividade. Devia ser o Benfica a contactar a minha colega e não o contrário. Os papéis inverteram-se e houve essa mesma pressão", disse Augusto Baganha, em resposta ao deputado do PSD Pedro Pimpão.
Essa interdição remonta a Julho de 2017 e foi decretada por parte deste Instituto durante quatro dias, por considerar nulo o regulamento interno do Estádio da Luz.
Mas as alusões ao Benfica não se ficaram por aqui. O ex-presidente reiterou as acusações que já havia feito ao seu antigo vice-presidente, Vítor Pataco, por este ter tido nas suas mãos durante dez meses um processo relativo ao apoio reiterado do clube "encarnado" às claques não legalizadas, um caso que remontava a 2016.
"Uma pessoa pode ter dúvidas, mas não pode ter dúvidas durante dez meses. Poderemos falar de um caso de incompetência ou de falta de isenção, beneficiando uma entidade, o que é grave", sublinhou o antigo presidente do IPDJ.
Augusto Baganha desmontou ainda a argumentação de João Paulo Rebelo para decidir a sua exoneração do cargo, e a consequente nomeação de Vítor Pataco. O ex-dirigente refere que "a definição dos objectivos estratégios do IPDJ" foi sempre proposta pelo Conselho Directivo e nunca pelo secretário de Estado, pelo que não percebe que a sua saída se prenda com uma alteração da visão estratégica para o Instituto, quando esta nunca existiu anteriormente.
Por último, o ex-presidente relembra que o novo Conselho Directivo do IPDJ contém dois membros da direcção anterior, o que, na sua opinião, contraria, mais uma vez, essa visão estratégica diferente de que o secretário de Estado usou para justificar a sua acção.
Após ser ouvido por mais de uma hora, Augusto Baganha disse perante os jornalistas estar de consciência tranquila, não se mostrando preocupado com o processo por difamação que lhe foi movido por Vítor Pataco, pessoa que o substituiu no cargo. Aliás, Baganha revelou que tinha avançado com uma providência cautelar para tentar revogar a sua exoneração do cargo de presidente do IPDJ. Isto porque, defende, o despacho não está bem fundamentado.
Augusto Baganha esteve sete anos na liderança do IPDJ e a sua saída aconteceu a cerca de um ano de terminar o mandato, com a secretaria de Estado da Juventude e Desporto a escolher Vítor Pataco para o cargo.
Na próxima quinta-feira, a Comissão de Comissão de Cultura, Comunicação, Juventude e Desporto irá ouvir as justificações do secretário de Estado, João Paulo Rebelo.