Encontrar cães perdidos e ajudar idosos: as apps pensadas por jovens para mudar o mundo
Entre as 22 ideias finalistas do concurso "Apps for Good" há ideias para todos os gostos, de aplicações que ajudam a cozinhar de forma saudável a uma rede social para voluntários. A vencedora mostra um roteiro por Lisboa com base no livro O Ano da Morte de Ricardo Reis.
Ajudar idosos a tomar medicamentos, encontrar cães perdidos ou contratar um carpinteiro em segundos são algumas de 22 propostas de jovens apresentadas nesta segunda-feira em Lisboa, com destaque para uma que junta Fernando Pessoa e José Saramago.
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Ajudar idosos a tomar medicamentos, encontrar cães perdidos ou contratar um carpinteiro em segundos são algumas de 22 propostas de jovens apresentadas nesta segunda-feira em Lisboa, com destaque para uma que junta Fernando Pessoa e José Saramago.
As 22 ideias fazem parte das propostas finais da competição nacional de aplicações criadas por jovens "Apps for Good" e saíram de centena e meia de projectos (aplicações), que foram sendo eliminadas até à final hoje apresentada em Lisboa, com o primeiro prémio para uma app chamada apenas "1936".
No livro de José Saramago O ano da morte de Ricardo Reis, 1936 é o ano em que morre o heterónimo de Fernando Pessoa. O livro é estudado no secundário e um grupo de alunos da escola secundária Quinta do Marquês, em Oeiras, criou uma aplicação sobre a obra. "A aplicação apresenta dois roteiros aos utilizadores, para que possam conhecer os locais onde se passa a obra", disse à Lusa Joana Vaz, uma das responsáveis pela aplicação.
Os premiados foram conhecidos numa sessão na Fundação Gulbenkian, embora, como disse o ministro da Educação, Tiago Brandão Rodrigues, todos são vencedores ao chegarem ao final da competição, a versão portuguesa já em 4.ª edição de uma iniciativa que começou em Inglaterra em 2010.
Uma iniciativa que "marca a todos", disse o ministro para uma sala cheia de jovens, acrescentando que as escolas podem ter mais autonomia mas também jovens mais capacitados para desenvolver projectos de base tecnológica.
Com elogios, com "um orgulho enorme" por todo o trabalho que fizeram, o ministro disse aos alunos que é mudando a escola, é mudando a rua onde vivem, que podem depois mudar o mundo.
E duas das propostas vencedoras (segundo e terceiro lugares) se não querem mudar o mundo querem pelo menos melhorar a vida dos idosos. A "My pill dispenser", da Escola Sá da Bandeira, em Santarém, e a "I-dose pills", da Escola Profissional de Fafe, destinam-se a ajudá-los a gerir os medicamentos a tomar.
Da escola de Fafe foi premiada também outra aplicação, para ajudar na recolha de animais perdidos ou abandonados. Bruno Gonçalves mostrou à Lusa como funciona, com fotografias dos animais, com o local onde foram encontrados, com parcerias com canis.
O agrupamento de escolas de Santo António, no Barreiro, levou a concurso uma aplicação para ajudar alunos estrangeiros, porque tem no agrupamento 21 nacionalidades. "No nosso agrupamento ser diferente é uma riqueza", como disse à Lusa Francisco Barreiros.
A aplicação ajuda alunos nas línguas nativas, que pode ser inglês, crioulo ou mandarim (a juntar mais tarde) e é também "uma oportunidade para os pais", disse Tiago Marques, que com Francisco eram dos mais jovens "empreendedores" na cerimónia de hoje.
Porque cada projecto tinha presentes três a quatro jovens eram ao todo cerca de uma centena. Entre eles estava a Bárbara, da Maia, com um projecto de aproveitamento de alimentos, Catarina e Beatriz com uma ferramenta de cozinha que controla tempos e temperaturas e promove a alimentação saudável ("Oh my tools", prémio do público), ou ainda o Mauro, a Mísia e o Edystailher, da escola de Pina Manique da Casa Pia, que querem simplificar e aumentar o voluntariado.
Será uma aplicação para colocar voluntários em organizações, "num estilo rede social", contam, quase eufóricos. E não muito longe Tiago Ruas e Samuel Dias, da Escola Agrícola de Santo Tirso falam também entusiasmados da sua ideia, "We Help", de prestar serviços ao domicílio, rapidamente e em qualquer área, com sistema de pontuação aos profissionais.
A cerimónia é a maior competição nacional de aplicações criadas por jovens para resolver problemas sociais. As 22 equipas finalistas resultam de quatro sessões regionais, com 150 equipas, de jovens entre os 10 e os 18 anos, apoiados pelos professores.