Aliança pendurada à espera do Tribunal Constitucional
Santana Lopes só vai percorrer o país quando o TC legitimar o novo partido. Já Rui Rio começa hoje uma ronda pelas distritais sociais-democratas com as eleições do próximo ano como pano de fundo.
Em menos de um mês, Pedro Santana Lopes conseguiu recolher as assinaturas necessárias para formalizar a criação do seu partido político junto do Tribunal Constitucional, mas o fundador da Aliança não vai para o terreno ao encontro de futuros militantes e simpatizantes, enquanto aquele tribunal não validar a nova força política.
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Em menos de um mês, Pedro Santana Lopes conseguiu recolher as assinaturas necessárias para formalizar a criação do seu partido político junto do Tribunal Constitucional, mas o fundador da Aliança não vai para o terreno ao encontro de futuros militantes e simpatizantes, enquanto aquele tribunal não validar a nova força política.
O "roadshow" que Pedro Santana Lopes anunciou há dias fica, assim, comprometido até à decisão do Tribunal Constitucional (TC). O antigo líder do PSD só quer fazer uma ronda pelo país depois de estar devidamente legitimado como fundador da Aliança.
Carlos Pinto, ex-autarca da Covilhã que, tal como Santana Lopes, trocou o PSD pela Aliança, disse ao PÚBLICO que este é o tempo de o líder do partido tratar da estrutura interna, das questões referentes às próprias escolhas para a instalação do partido. Quanto ao "roadshow" ainda não está definido e, acrescenta, nunca se realizará enquanto o partido não estiver legalizado.
O ex-autarca acredita que a decisão do Tribunal Constitucional será conhecida em breve. “Não nos esclareceram o tempo que vai demorar”, diz o antigo dirigente do PSD, frisando que “instalar um partido é uma coisa séria, exige organização, exige pessoas”.
Em relação à Aliança, cujas assinaturas foram entregues ao TC no dia 19 de Setembro, Carlos Pinto mostra-se “muito entusiasmado” com o futuro da nova força política, só comparável com o “entusiasmo” que sentiu em 1974, quando aderiu ao PSD. Mostrando-se desprendido em relação a eventuais responsabilidades na Aliança, Carlos Pinto revela que a sua desfiliação do PSD há muito que estava pensada, mas foi sendo sucessivamente adiada, porque não surgia um projecto político diferente que o levasse a entregar o cartão. A altura de o fazer chegou agora, com a Aliança.
Com a Aliança à espera da legalização por parte do Tribunal Constitucional, não há o risco de Santana Lopes e Rui Rio se cruzarem na estrada. O líder social-democrata inicia nesta segunda-feira uma ronda pelo país para falar com as estruturas distritais do partido, focado nos combates eleitorais do próximo ano.
O périplo começa esta noite em Vila Nova de Gaia e Rui Rio espera casa cheia. O secretário-geral do partido, José Silvano, marca presença no arranque desta série de contactos com as distritais sociais-democratas que decorre em formato de conversa e que acontece numa altura em que o partido está, aparentemente, mais sereno e mais unido em torno da liderança.
O partido mobilizou-se para ouvir o líder falar da actual situação política e do trabalho que tem vindo a fazer. O objectivo é também trocar ideias com os militantes do distrito do Porto. “Esta é a oportunidade para os militantes de base se reunirem com a direcção nacional do partido e conversarem sobre aquilo que entenderem oportuno”, diz o presidente da distrital do PSD-Porto, Alberto Machado, acrescentando: “As pessoas vão poder discutir livremente assuntos que considerem importantes”
A posição que o PSD vai assumir relativamente ao Orçamento do Estado para 2019 e os episódios menos felizes que o líder social-democrata protagonizou na penúltima semana, com o epicentro na “taxa anti-especulação imobiliária” e que desencadearam uma crise interna com vozes a defender um congresso extraordinário, em Dezembro, deverão fazer parte das conversas.
Próximo do presidente do partido, Alberto Machado destaca a importância destas reuniões do líder com as bases, afirmando que elas “reforçam o partido como um todo e dão coesão interna ao PSD”. “A oportunidade de os militantes ouvirem de viva voz o seu líder e perceberem as suas ideias e a estratégia política que está subjacente ao caminho que está a ser seguido pela direcção nacional é extremamente importante”, reforça o presidente da maior distrital do partido.
Sobre a crise interna no PSD, o dirigente social-democrata insurge-se contra as “agendas pessoais de algumas pessoais que procuram protagonismos mediáticos”. “Não podemos permitir que as agendas pessoais possam ultrapassar ao colectivo do partido”, disse, numa alusão ao comunicado saído da reunião das distritais da passada sexta-feira que pretendeu dar um sinal de união do PSD. A distrital de Lisboa ficou de fora, não tendo assinado o comunicado conjunto.