Rod Rosenstein, responsável pela investigação sobre a Rússia, está de saída

Responsável terá apresentado a sua demissão verbalmente ao chefe de gabinete da Casa Branca, antecipando-se a um esperado despedimento por Donald Trump. Presidente e vice-procurador-geral vão reunir-se na quinta-feira.

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Reuters/Yuri Gripas

A segunda figura mais importante no Departamento de Justiça dos EUA, Rod Rosenstein, pode estar a dias de sair do cargo. Segundo a imprensa norte-americana, o responsável já comunicou à Casa Branca a intenção de se demitir, mas o Presidente Trump agendou uma reunião entre ambos para quinta-feira.

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A segunda figura mais importante no Departamento de Justiça dos EUA, Rod Rosenstein, pode estar a dias de sair do cargo. Segundo a imprensa norte-americana, o responsável já comunicou à Casa Branca a intenção de se demitir, mas o Presidente Trump agendou uma reunião entre ambos para quinta-feira.

Apesar de ser o número dois do attorney general (procurador-geral), Rod Rosenstein é o principal responsável pelas investigações às suspeitas de conluio entre o Governo da Rússia e a campanha eleitoral de Donald Trump, em 2015 e 2016. Rosenstein assumiu a liderança das investigações no início do ano passado, quando o procurador-geral, Jeff Sessions, se auto-excluiu do processo.

Em causa estava o envolvimento de Jeff Sessions na campanha de Donald Trump e conversas que manteve com o então embaixador da Rússia em Washington. Numa decisão que enfureceu o Presidente norte-americano, Sessions decidiu afastar-se das investigações sobre a Rússia alegando um possível conflito de interesses — com o afastamento de Sessions, Trump perdeu o controlo sobre as decisões no processo, incluindo a hipótese de o procurador-geral pôr fim às investigações.

Em vez disso, o caso ficou mais complicado para a Casa Branca, quando Rosenstein passou a supervisionar as investigações, na qualidade de procurador-geral-adjunto. Desde que assumiu essas funções, no início do ano passado, Rosenstein tem sido acusado pelo Presidente Trump de liderar uma "caça às bruxas" contra ele, principalmente depois de ter nomeado Robert Mueller como procurador especial nas investigações sobre a Rússia — uma decisão tomada por Rosenstein em Maio do ano passado, após o despedimento do então director do FBI, James Comey, e que terá apanhado a Casa Branca de surpresa.

Segundo o site Axios, Rosenstein "estava à espera de ser despedido" por estes dias, depois de o New York Times ter noticiado, na semana passada, que o responsável quis gravar conversas com Trump em segredo para "expor o caos na Casa Branca" e reunir apoios para invocar a 25.ª emenda da Constituição, que prevê a destituição do Presidente.

Não é ainda claro se Trump vai aceitar o pedido de demissão de Rosenstein, ou se vai optar por despedi-lo na reunião de quinta-feira. Segundo o New York Times, o facto de Rosenstein ter indicado que pretende demitir-se deu início a uma série de movimentações inesperadas: os conselheiros de Trump saíram da sede da ONU, em Nova Iorque, em direcção à Trump Tower para discutirem o assunto, e o procurador-geral partiu do Alabama em direcção a Washington.

Segundo o New York Times, com a saída de Rosenstein a investigação poderá vir a ser supervisionada pelo número 4 do Departamento de Justiça, Noel Francisco, um advogado que trabalhou na empresa Jones Day, que representa Trump nas investigações sobre a Rússia. Se for esse o caso, Francisco terá de receber uma autorização da Casa Branca, o que deverá originar novas acusações contra o Presidente Trump por parte dos seus opositores.