May pode estar a planear eleições em Novembro - e Corbyn quere-as
Adensa-se o caos e o jogo político no Reino Unido. Segundo o jornal Sunday Times a equipa da primeira-ministra britânica está a trabalhar num plano de contingências caso não haja acordo sobre o "Brexit" com Bruxelas. Corbyn prefere eleições mas não descarta segundo referendo.
Depois de ter visto o seu plano para o “Brexit” rejeitado pelos líderes europeus na cimeira de Salzburgo na semana passada, a primeira-ministra começa a estudar todas as possibilidades, incluindo a marcação de eleições antecipadas em Novembro. A notícia é avançada pelo Sunday Times, que reproduz uma conversa entre dois assessores de May, mas fonte de Downing Street desmente que essa possibilidade esteja em cima da mesa. Jeremy Corbyn, líder do Labour, também defende que eleições seria a melhor opção para resolver o impasse.
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Depois de ter visto o seu plano para o “Brexit” rejeitado pelos líderes europeus na cimeira de Salzburgo na semana passada, a primeira-ministra começa a estudar todas as possibilidades, incluindo a marcação de eleições antecipadas em Novembro. A notícia é avançada pelo Sunday Times, que reproduz uma conversa entre dois assessores de May, mas fonte de Downing Street desmente que essa possibilidade esteja em cima da mesa. Jeremy Corbyn, líder do Labour, também defende que eleições seria a melhor opção para resolver o impasse.
Enquanto decorre o congresso do Partido Trabalhista, que teve início no sábado, e apesar de garantir que prefere um cenário de eleições antecipadas, Corbyn não descarta o apoio a um segundo referendo relativo ao “Brexit”, caso seja a vontade da maioria das bases trabalhistas.
“A nossa preferência seria eleições gerais e depois poderíamos negociar a nossa relação futura com a Europa mas vamos ver o que sairá do congresso. Obviamente estou vinculado à democracia no nosso partido”, disse, numa entrevista à BBC, acrescentando que o partido vai votar contra qualquer acordo entre Londres e Bruxelas, caso não corresponda às exigências trabalhistas. Dessa forma, Corbyn (um anti-europeísta antes de assumir a liderança do partido pró-UE e que até aqui mantivera uma posição ambígua sobre o tema) garante estar preparado para avançar com uma moção de censura contra o Governo se o acordo alcançado for rejeitado pelo Parlamento britânico.
Em declarações ao Sunday Mirror, Corbyn abordou novamente esta questão: "Vou aderir à decisão que sair do congresso. Mas não estou a pedir um segundo referendo. Espero que cheguemos à conclusão de que a melhor forma de resolver isto é com eleições". “Mas eu fui eleito para dar poder aos membros do partido. Por isso, se o congresso tomar uma decisão, não me vou afastar dela e agirei em conformidade”, insistiu.
Len McCluskey, líder do Unite, um dos principais sindicatos do país, e um dos principais aliados de Corbyn, disse à BBC que apoia um referendo, desde que este não seja sobre a permanência ou não na União Europeia, mas sobre o acordo: “Não deveria ser: ‘queremos voltar para a União Europeia?”. “As pessoas já decidiram sobre isso. Raramente tivemos referendos neste país. As pessoas decidiram contra os meus desejos e do meu sindicato, mas decidiram”, acrescentou.
Segundo a BBC, que cita uma sondagem do YouGov, a grande maioria dos mais de mil membros do Partido Trabalhista apoia um referendo sobre o resultado final das negociações sobre o “Brexit”.
À porta do local onde se realiza o congresso trabalhista, em Liverpool, o People’s Vote, grupo de campanha que pede um referendo sobre o acordo de saída do Reino Unido, marcou uma manifestação que reuniu, diz a organização, pelo menos cinco mil pessoas.
A sombra de eleições antecipadas e de um segundo referendo apareceu na sequência da rejeição por parte dos líderes europeus, na cimeira de Salzburgo, da proposta para um acordo livre de comércio de bens agrícolas e industriais, conhecido como “plano de Chequers”, apresentada por May.
Uma vez que esta decisão por parte da União Europeia tornou mais difícil um acordo entre Londres e Bruxelas até à cimeira de Outubro (a UE pôs a hipótese de ser necessária uma segunda cimeira, em Novembro, para que se cumpra o calendário, uma vez que a saída do Reino Unido está marcada para 29 de Março), May começa a estudar todas as possibilidades, que podem incluir a marcação de novas eleições gerais.
De acordo com o Sunday Times, os assessores da primeira-ministra já começaram a discutir essa possibilidade, de forma a garantir a sobrevivência das negociações do “Brexit” e de Theresa May.
O jornal britânico cita uma conversa entre dois membros do gabinete de May, onde um deles diz: "Penso que vamos precisar de umas eleições”.
Porém, o ministro para o “Brexit”, Dominic Raab, desmentiu um cenário de eleições antecipadas: “Não vai acontecer”, disse, acrescentando que o Governo vai manter-se fiel ao seu plano de saída da UE.
Uma fonte de Downing Street assegurou também ao Times que é “categoricamente mentira que o Número 10 esteja a planear eleições ou que tenha tido qualquer reunião para as discutir”.
Em reacção, Theresa May emitiu um comunicado em que diz que este é o momento de “manter a cabeça fria” e de “controlar os nervos” e acusa o Partido Trabalhista, o Partido Liberal Democrata e o Partido Nacional Escocês de quererem “aproveitar o momento para receber dividendos políticos”.