PCP e BE acusam PSD de querer “privatizar” a saúde
Deputado social-democrata criticou falta de recursos para os cuidados paliativos.
Deputados do PCP e do BE acusaram o PSD de pretender “privatizar” a área da saúde num debate parlamentar em que o tema escolhido pela bancada social-democrata era o do reforço dos cuidados paliativos.
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Deputados do PCP e do BE acusaram o PSD de pretender “privatizar” a área da saúde num debate parlamentar em que o tema escolhido pela bancada social-democrata era o do reforço dos cuidados paliativos.
Numa declaração política – a primeira neste início de sessão legislativa – Ricardo Baptista Leite, porta-voz do PSD para a saúde, quis colocar em cima da mesa a “falta de estratégia e de financiamento” nos cuidados continuados e paliativos. O deputado social-democrata não se referiu ao documento estratégico do PSD para a saúde, divulgado na semana passada, em que aborda o modelo de gestão no sector, propondo uma generalização da contratualização com entidades privadas e sociais.
Na interpelação de resposta ao PSD, o bloquista Moisés Ferreira e o comunista João Dias trouxeram o documento social-democrata a lume. “Aquilo que apresentou ao país afinal eram PPP [Parcerias Público-Privadas]. Isso está lá, é a privatização da saúde, isso está lá”, afirmou Moisés Ferreira.
Salvar a face
Para João Dias, o PSD “quer agora salvar a face” depois da actuação no anterior Governo. “Mas o que mostra é querer passar isto para o sector privado. É disto que se trata”, acusou o deputado comunista que, tal como Moisés Ferreira, defendeu a necessidade de mais recursos para os cuidados paliativos.
Na resposta, Ricardo Baptista Leite pareceu antever as críticas que lhe iriam ser dirigidas e lembrou várias medidas tomadas por este Governo, no âmbito orçamental, com apoio do BE e PCP, que injectaram dinheiro no sector privado na saúde ao promoverem, por exemplo, um reforço dos vales cirurgia. “Falam em ideologia, falamos em necessidades das pessoas, os senhores falam dos privados”, disse o deputado social-democrata, exortando o BE e o PCP a “saírem do armário” e a mudar o seu posicionamento. O deputado citou ainda as palavras do histórico comunista: “Como dizia o fundador do PCP tapem os olhos e votem.”
Sem se referir ao documento do PSD, António Sales, do PS, tentou contrariar a visão negativa em torno dos cuidados paliativos, referindo que “têm melhorado substancialmente”.
Ao lado do PSD ficou apenas o CDS. Isabel Galriça Neto reclamou o trabalho do seu partido nesta área e acusou o Governo: “Em matéria de saúde, em cuidados paliativos, temos uma mão cheia de nada, com muitos problemas”.