Um grito contra a violência sexual na McDonald's: "Eu não estou no menu"
Trabalhadores da McDonald's nos Estados Unidos gritam "#MeToo". Denunciam situações diárias de abuso, assédio e coerção sexual dentro dos restaurantes.
Com cartazes no ar e fita-cola na boca, funcionários da McDonald's em mais de dez cidades dos Estados Unidos da América (EUA) saíram na terça-feira à rua para se manifestarem e forçarem a empresa a actuar em situações de assédio e abuso sexual. Dizem que estas práticas são constantes no seu local de trabalho e que a empresa de comida rápida pouco faz para as resolver.
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Com cartazes no ar e fita-cola na boca, funcionários da McDonald's em mais de dez cidades dos Estados Unidos da América (EUA) saíram na terça-feira à rua para se manifestarem e forçarem a empresa a actuar em situações de assédio e abuso sexual. Dizem que estas práticas são constantes no seu local de trabalho e que a empresa de comida rápida pouco faz para as resolver.
Os trabalhadores trocaram a primeira letra do hashtag #MeToo pelo arco dourado da McDonald's e participaram nesta greve laboral para pôr fim ao que dizem ser a cultura de exploração e desrespeito pelos trabalhadores, bem como à resistência à sindicalização.
“Já fui beijada pelo meu gerente, já me apalparam as pernas e já fui posta em situações desconfortáveis onde era mais fácil deixar andar”, confessou uma funcionária da cadeia de fast-food, Ali Baker, ao TheGuardian.
Teresa Cervantes, que trabalha num restaurante McDonald’s de Chicago, contou ao mesmo jornal que o seu gerente era conhecido por pressionar os trabalhadores a praticar actos sexuais no seu escritório e nas casas de banho do estabelecimento. “Estamos a quebrar o silêncio e a fazer história para que a juventude tenha um futuro melhor”, afirmou Cervantes, cuja filha também trabalha no mesmo McDonald’s.
Em 2016, foram apresentadas 15 queixas à Comissão de Igualdade de Oportunidade no Emprego dos Estados Unidos por trabalhadores da McDonald's. Este ano, houve dez reclamações.
"Eu não estou no menu"
Segundo um questionário conduzido pela Hart Research Associates em 2016, 40% das mulheres em empresas de fast food disseram ter sido alvo de comportamentos sexuais indesejáveis no trabalho e 28% experienciaram múltiplas formas de assédio. O senador democrata Bernie Sanders considera os números "inaceitáveis".
Mas chegou o tempo de mudar, diz Ali Baker. “É altura de dizer 'Eu não estou no menu'”, vinca. “O tempo acabou, McDonald’s!”.
O protesto dos trabalhadores da McDonald's aconteceu nas cidades de Durhman, Kansas, Missouri, Los Angeles, Miami, Milwaukee, Nova Orleães, Orlando, São Francisco e Saint Louis.
A expressão #MeToo popularizou-se no final do ano passado, depois dos casos de assédio sexual que envolveram Harvey Weinstein e outras figuras do entretenimento e da cultura, e tornou-se um slogan global.
Texto editado por Pedro Rios