Professores avisam que "vem aí um tempo de luta que terá de ser muito intensa"
"Estamos perante uma tentativa de eliminação de tempo de serviço que nunca aceitaremos", escreve Mário Nogueira num texto distribuído aos pares.
"Vem aí um tempo de luta, que terá de ser muito intensa", disse nesta terça-feira o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, num plenário repleto de docentes, em Almada, que começou de manhã e durou até à hora do almoço.
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"Vem aí um tempo de luta, que terá de ser muito intensa", disse nesta terça-feira o secretário-geral da Federação Nacional de Professores (Fenprof), Mário Nogueira, num plenário repleto de docentes, em Almada, que começou de manhã e durou até à hora do almoço.
Numa escola de Almada, como em muitas outras do país, os professores mobilizaram-se hoje para uma semana de greves (de 1 a 2 de Outubro), que culminará com uma manifestação nacional, a 5 de Outubro.
Até ao dia 15 de Outubro terá de ser entregue na Assembleia da República a proposta de Orçamento do Estado para 2019. Os professores consideram que é a última oportunidade antes da mudança de Governo para tentarem incluir no documento "o que ainda está por resolver".
Este é o tempo, dizem, de "dar tudo por tudo". Assim se dirigiu aos docentes o líder da maior organização sindical de professores, Mário Nogueira, numa acção que continua a manter unidas 10 estruturas representativas da classe, incluindo a Federação Nacional da Educação (FNE).
"Prevê-se que seja uma luta muito dura", vaticinou o secretário-geral da Fenprof, encorajando os professores a lutarem sob pena de abrirem a porta "à liquidação da carreira docente".
Os professores querem voltar a reunir com o Governo para tentar uma negociação, sendo certo que não abrem mão da contagem dos nove anos, quatro anos e dois meses de trabalho, no âmbito do descongelamento da carreira.
Na tomada de posição que se mantém em cima da mesa durante a semana de plenários, os professores manifestam "profundo desacordo com as posições" assumidas pelo Governo e exigem respostas a reivindicações que consideram justas.
Dispostos a continuar a lutar por "respeito e justiça", os docentes questionam já as organizações sindicais sobre a possibilidade de recurso aos tribunais, caso sejam goradas todas as hipóteses de negociação.
A última reunião negocial com o Governo realizou-se a 7 de Setembro e terminou mais uma vez sem acordo, com o executivo a emitir um comunicado pouco tempo depois para anunciar uma decisão, que os sindicatos afirmam ter recebido através "da rádio".
Ficou então a saber-se que o Governo decidira avançar unilateralmente com a proposta de "devolver" aos professores em Janeiro de 2019 apenas dois anos, nove meses e 18 dias de serviço congelado.
Recorrer aos tribunais?
"Estamos perante uma tentativa de eliminação de tempo de serviço que nunca aceitaremos", escreve Mário Nogueira num texto distribuído aos pares.
Além das possibilidades de recurso aos tribunais, tanto nacionais como internacionais, os professores questionam também os sindicatos sobre o papel dos partidos de esquerda nesta questão, tendo obtido como resposta que "há preocupação" ou "tem havido contactos", à excepção do PS.
O documento em que os professores se manifestam tem estado a ser aprovado em várias escolas do país, quase sempre por unanimidade e aclamação, de acordo com informação sindical.
As organizações representativas dos professores continuam a procurar forma de levar as reivindicações para o terreno e de lhes dar visibilidade.
Entre as possibilidades em discussão está a distribuição de informação aos turistas sobre os professores em Portugal, traduzida para inglês, francês e espanhol.
Os sindicatos continuam a exigir medidas específicas para a aposentação, os horários de trabalho e o combate à precariedade.
Aguardam por uma reunião com o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, e defendem que este é o momento de lutar: "Para o ano já não sabemos quem lá está."