Liga dos Bombeiros diz que dívida do Governo às corporações pode dificultar socorro
Presidente da Liga diz que dívidas do Ministério da Saúde aos bombeiros portugueses ultrapassam os 30 milhões de euros, havendo associações "com grandes problemas para suprir os seus compromissos".
A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) estima que o Ministério da Saúde deva cerca de 30 milhões de euros às corporações. A dívida cria grandes dificuldades financeiras, o que pode pôr em causa o socorro às populações.
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A Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) estima que o Ministério da Saúde deva cerca de 30 milhões de euros às corporações. A dívida cria grandes dificuldades financeiras, o que pode pôr em causa o socorro às populações.
O Conselho das Federações (órgão consultivo) da LBP realizou na noite de sexta-feira, em Coimbra, uma reunião, da qual resultou um documento que "é como uma matriz e um guião para que agora as federações de todo o país, na sua área de jurisdição, vão fazendo um levantamento do que se passa em cada distrito".
Com este processo pretende-se que seja definida "uma estratégia global" que será apresentada para aprovação ao Conselho Nacional da LBP, em Outubro, revelou o presidente da Liga, Jaime Marta Soares.
"Avaliamos uma estratégia que pode culminar com algumas atitudes que não desejamos em relação às dívidas do Ministério da Saúde aos bombeiros portugueses, que ultrapassam os 30 milhões de euros, e há associações de bombeiros que estão em crise financeira com grandes problemas para suprir os seus compromissos", destacou, salientando que esta situação "pode dificultar a prestação de socorro" às populações.
A Liga pretende chegar a 2019 com um plano estratégico pensado já para cinco anos, "com uma perspectiva dinâmica", para que se possa ter uma orientação estruturada ao longo dos tempos.
Assim, referiu Jaime Marta Soares, evitar-se-ia "andar todos anos aos repelões e a procurar inventar e a fazer muitas vezes em cima do joelho aquilo que tem de ser programado à distância entre o Governo as entidades ligadas ao sector e os bombeiros portugueses, que são o principal agente de protecção civil em Portugal".
"Nós não desejamos entrar em confronto com ninguém, mas também não temos medo, se for necessário, se continuarmos a sentir que somos uns enjeitados do sistema. Não pode haver filhos e enteados e nós não vamos continuar garantidamente em 2019 sem termos bem concretizado tudo aquilo que são as reformas da direcção nacional de bombeiros, o comando autónomo dos bombeiros, zonas operacionais, o cartão social do bombeiro - tudo propostas que temos vindo a fazer e que têm sido adiadas ano após ano", acrescentou.
A Liga propôs ao Governo um investimento de cerca de nove milhões de euros para aquisição de equipamentos especiais dos bombeiros, pretendendo uma "resposta compatível com as necessidades".
Na reunião foi ainda realizada "uma análise aprofundada dos incêndios deste ano em Portugal", com mais de 8.550 ignições, com destaque para o incêndio de Monchique.
O Conselho das Federações é um órgão consultivo da LBP. Em Outubro decorrerá uma reunião do órgão deliberativo entre Congressos, o Conselho Nacional, que deverá discutir e validar as propostas para negociações com os parceiros.