Patrícia Mamona critica Lux Frágil por ter sido impedida de entrar e tratada “de maneira diferente”
A atleta do Sporting diz que o seu grupo de amigos negros foi barrado quando queria entrar na discoteca lisboeta. Mais tarde, escreveu: "Por favor, não me chamem Serena Williams". "Não achamos justo que o Lux Frágil tenha sido acusado de discriminação", reage o clube.
A atleta portuguesa Patrícia Mamona denunciou nas redes sociais o facto de ter sido impedida de entrar na discoteca lisboeta Lux Frágil, juntamente com os seus amigos na madrugada de sexta-feira. “Quando vês pessoal a entrar de chinelos e sem convite, mas te tratam de maneira diferente porque tu e os teus black friends bem vestidos e tal não se enquadram no perfil da Lux”, escreveu a campeã europeia de 2016 no Instagram. “Triste, mas acontece.”
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A atleta portuguesa Patrícia Mamona denunciou nas redes sociais o facto de ter sido impedida de entrar na discoteca lisboeta Lux Frágil, juntamente com os seus amigos na madrugada de sexta-feira. “Quando vês pessoal a entrar de chinelos e sem convite, mas te tratam de maneira diferente porque tu e os teus black friends bem vestidos e tal não se enquadram no perfil da Lux”, escreveu a campeã europeia de 2016 no Instagram. “Triste, mas acontece.”
“Eu sou a primeira pessoa a dizer que há muito pessoal que tem a mania de usar a carta do racismo para tudo que acontece de mal… Mas quando começas a ver o pessoal a entrar… ui!”, respondeu Patrícia Mamona a um utilizador da rede social, dizendo que até perceberia se não os deixassem entrar se estivessem mal vestidos — mas que não fora o caso. “Quando me reconheceram vieram falar comigo”, acrescenta nos comentários a atleta do triplo salto do Sporting, que conquistou em 2016 o título de campeã da Europa.
Durante a tarde desta sexta-feira, e depois de o caso se ter tornado viral nas redes sociais, a atleta voltou ao tema com uma nova publicação no Instagram. “Fiquem descansados que situação foi facilmente resolvida da maneira que achamos correcta, fomos embora”, escreve.
“Por favor, não me chamem Serena Williams, estou apenas a ser eu, e desculpem se ofendi alguém por ser eu. Tenho uma época desportiva muito difícil pela frente, e é isso [em] que tenho que me focar. Aprender a lidar com as situações que aparecem por mais difícil que sejam, o caminho é em frente, tudo isto é uma lição de vida.”
Ao final da tarde, o Lux Frágil comentou o caso. “Não gostámos, não queríamos e não achamos justo que o Lux Frágil tenha sido acusado de discriminação”, refere o clube nocturno no Facebook. “Defendemos princípios opostos e entre esses princípios está certamente a liberdade. Que prevaleça então o direito de cada um de exprimir o que sente e de dizer aquilo que não queremos ouvir. Esse direito é uma boa definição de liberdade.”
No Twitter, o velocista do Benfica David Lima apelou ao boicote do espaço nocturno, localizado em Santa Apolónia, dizendo que os seus critérios para escolher quem entra têm por base uma “perfilagem racial”. “Ninguém me pode convencer do contrário”, remata.
O caso Nelson Évora
Em Lisboa, há outros casos de discotecas que foram acusadas de racismo. Um dos casos mais memoráveis é o do espaço nocturno Urban Beach, em Santos, que foi somando denúncias de racismo e agressões por parte dos seguranças.
Em 2014, a denúncia partiu do atleta português e antigo campeão olímpico no triplo salto Nelson Évora. Através das redes sociais, Évora denunciou que o seu grupo de amigos, onde se incluíam outros atletas como Francis Obikwelu, Naide Gomes e Susana Costa, foi barrado à entrada do Urban Beach por existirem “demasiados pretos no grupo”. “Estarei a exagerar ou foi mesmo racismo?”, questionava. Na altura, um responsável do grupo a que pertence a discoteca afirmava que algumas pessoas desse grupo não respeitavam o dress code exigido. O Governo acabou por mandar encerrar a discoteca em Novembro do ano passado, depois de mais um caso de violência.
O PÚBLICO tentou contactar a atleta Patrícia Mamona, que não respondeu.