Infarmed garante que não faltarão medicamentos para a doença de Parkinson
Autoridade do medicamento reuniu com empresas e associações de doentes para procurar alternativas a medicamento mais consumido em Portugal. Ruptura deve-se a problema de fabrico e atinge 45 países.
A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) garantiu esta sexta-feira que não haverá faltas de medicação para a doença de Parkinson em Portugal, mas apelou aos doentes e aos médicos para que tenham moderação na compra e na prescrição.
A verdade faz-nos mais fortes
Das guerras aos desastres ambientais, da economia às ameaças epidémicas, quando os dias são de incerteza, o jornalismo do Público torna-se o porto de abrigo para os portugueses que querem pensar melhor. Juntos vemos melhor. Dê força à informação responsável que o ajuda entender o mundo, a pensar e decidir.
A Autoridade Nacional do Medicamento (Infarmed) garantiu esta sexta-feira que não haverá faltas de medicação para a doença de Parkinson em Portugal, mas apelou aos doentes e aos médicos para que tenham moderação na compra e na prescrição.
O conselho directivo do Infarmed esteve reunido com laboratórios, sociedades científicas e representantes de doentes para avaliar alternativas terapêuticas ao medicamento Sinemet, que está em ruptura de stock.
Em conferência de imprensa no final da reunião, a presidente do Infarmed, Maria do Céu Machado, manifestou-se convicta de que não vai haver falhas no acesso à medicação para a doença de Parkinson, lembrando que se trata de um medicamento do qual depende muitas vezes a vida dos doentes.
O Infarmed apelou aos doentes para que não façam "uma corrida às farmácias", para criarem "stocks individuais" deste medicamento, lançando também aos médicos um apelo para que não haja prescrição exagerada.
"Podemos comprometer-nos que não vai falhar o medicamento a nenhum dos doentes", afirmou Maria do Céu Machado, indicando que o assunto está a ser tratado com "enorme preocupação" pela Autoridade do Medicamento.
A presidente do Infarmed lembrou que "a interrupção do tratamento pode ser ainda mais grave do que a própria doença", garantindo assim que não haverá falhas de tratamento em Portugal.
A ruptura por parte da empresa que produz o Sinemet está relacionada com um "problema de fabrico", que a própria empresa não explicou ao Infarmed, e que afecta 45 países, incluindo Estados Unidos e Canadá.
Quanto à dimensão da ruptura do medicamento, a presidente do Infarmed estimou que antes do final do primeiro trimestre do próximo ano "o problema poderá não estar resolvido".
Na reunião desta sexta-feira estiveram quatro empresas farmacêuticas, incluindo um representante da empresa MSD em Portugal, que comercializa o medicamento Sinemet.
Há dois medicamentos actualmente comercializados em Portugal para o Parkinson, sendo que o Sinemet atingia até agora 80% da quota do mercado, o que corresponde a mais de 600 mil embalagens por ano.
De acordo com Maria do Céu Machado, um dos laboratórios que já comercializa um medicamento em Portugal, mas com uma pequena quota de mercado, irá fazer "um esforço para aumentar essa quota", tentando pelo menos triplicá-la.
Duas outras empresas farmacêuticas têm um medicamento semelhante registado, mas não comercializado em Portugal, que é vendido noutros países europeus. Estes laboratórios comprometeram-se a "fazer um esforço" para comercializar em Portugal o medicamento.
"Até fim de Outubro, se formos todos conscienciosos, prescritores e doentes, não vamos ter ruptura nenhuma. E até ao fim do ano supomos que haja comercialização de outras moléculas. Gostaria de assumir que este processo que estamos a desencadear leva a que não haja uma ruptura", afirmou a presidente do Infarmed.
Maria do Céu Machado lembrou que a Autoridade do Medicamento, enquanto organismo regulador, tem instrumentos "para conseguir que não haja ruptura", nomeadamente obrigando a que empresas com medicamento registado, mas que não o comercializam em Portugal, passem a comercializá-lo "por questões de interesse de saúde pública".
Linha para esclarecer doentes
A presidente do Infarmed disse que vão ser contactadas as unidades do Serviço Nacional de Saúde para "poder haver uma linha directa", para que os doentes possam contactar os seus médicos, com a finalidade de esclarecer sobre alternativas ao medicamento que está em ruptura de stock.
Maria do Céu Machado disse que o centro de contacto SNS 24 está também preparado para esclarecer dúvidas aos doentes.
Nos dias úteis das 9h00 às 17h00, os doentes que ligarem para a linha Saúde 24 com dúvidas ligadas ao medicamento Sinemet serão encaminhados directamente para um profissional do Infarmed. Nos outros horários, o próprio centro de contacto SNS 24 "tem informação de modo a tirar dúvidas aos doentes".