Que professores teremos no futuro?
Ser professor já não é uma profissão atraente e quem ainda envereda por ela, cedo ou tarde, verifica que este país não é para professores.
Durante o fim-de-semana passado, as notícias sobre o baixo número de candidatos a professores foi badalando pelos noticiários, jornais e redes sociais, mas já não é a primeira vez que isso acontece.
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Durante o fim-de-semana passado, as notícias sobre o baixo número de candidatos a professores foi badalando pelos noticiários, jornais e redes sociais, mas já não é a primeira vez que isso acontece.
Nos últimos anos os números têm vindo a decrescer, já o ano passado foi notícia. Mas, este ano, as 693 vagas ocupadas de 1204 disponíveis ficam muito aquém em relação às ocupadas em 2017, um decréscimo superior a 40%. Estes números serão a norma a partir de agora. Ser professor já não é uma profissão atraente e quem ainda envereda por ela, cedo ou tarde, verifica que este país não é para professores.
Mas não é o único. Por essa Europa fora já se viram casos semelhantes, mas, como não interessa, ladeiam-se olhos com palas, não se olha para o lado e segue-se o caminho sem pensar em consequências futuras.
Há uns anos ouviam-se rumores de que no Reino Unido a falta de professores se fazia sentir a tal ponto que já se recrutavam “profissionais” entre os militares em fim de contrato, dando-lhe formação para outro tipo de campo de batalha. Na Alemanha, a procura de professores já se encontra numa fase de desespero. Segundo as últimas estimativas faltam cerca de 40.000 professores no sistema de ensino alemão e ainda vai piorar nos próximos anos. Por França o cenário é parecido, a procura de professores torna-se cada vez mais difícil.
Mas o que aconteceu nestes países para chegarem a este ponto? Não é necessário procurar muito para se encontrar uma razão. A falta de investimento na área de educação, a falta de condições de trabalho, os baixos salários em relação a outras carreiras semelhantes, a instabilidade ao nível de colocação e familiar que esta profissão acarreta, a desautorização do papel do professor enquanto educador, o crescente desrespeito do papel do professor na sociedade, estão entre muitas outras razões para estes cenários.
Lá fora é assim, por cá também é, e será, como lá.
Dentro de poucos anos, o cenário nas escolas portuguesas será semelhante aos países acima mencionados. Com a falta de candidatos a professores que hoje se verifica e com a eminente saída para a aposentação de milhares de professores nos próximos anos, o sistema de ensino, inevitavelmente, entrará em rutura por falta de profissionais.
Nessa altura, restar-nos-á o exemplo do que está a acontecer em alguns municípios do Reino Unido, com professores de Educação Física, formados em Portugal, a lecionar Matemática e Ciências, por na sua formação base terem uma ou duas cadeiras sobre essas matérias. Serão estes os professores do futuro?
Tenham um bom ano letivo.
O autor escreve segundo o novo Acordo Ortográfico