Quase dois terços dos centros de saúde sem consulta prévia de interrupção da gravidez
Pelo menos 33 dos 55 agrupamentos de centros de saúde não disponibilizam a consulta prévia obrigatória por lei para iniciar um processo de aborto a pedido da mulher. Bloco de Esquerda, que fez o inquérito, critica a resposta "insuficiente" do SNS.
O panorama mostra que a lei da interrupção voluntária da gravidez (IVG) é difícil de aplicar em mais de metade dos agrupamentos de centros de saúde: 60% dos centros de saúde não dispõem se consulta prévia de IVG, passo que é legalmente obrigatório no processo de interrupção da gravidez a pedido da mulher, de acordo com o Jornal de Notícias.
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O panorama mostra que a lei da interrupção voluntária da gravidez (IVG) é difícil de aplicar em mais de metade dos agrupamentos de centros de saúde: 60% dos centros de saúde não dispõem se consulta prévia de IVG, passo que é legalmente obrigatório no processo de interrupção da gravidez a pedido da mulher, de acordo com o Jornal de Notícias.
A conclusão resulta dos dados de uma consulta feita pelo Bloco de Esquerda a 55 agrupamentos de centros de saúde (ACES) e 37 hospitais de todo o país. Pelo menos 33 ACES responderam que não disponibilizam essa consulta e encaminham as grávidas para os hospitais, onde a consulta também pode ser feita mas o processo é mais moroso. A IVG só é permitida até às 10 semanas de gestação e esta consulta serve para que a grávida esclareça todas as dúvidas de forma a tomar uma decisão livre, consciente e informada.
Os dados citados pelo JN mostram que é na região Norte do país que se registam maiores limitações. Como exemplos são dados os casos do Grande Porto, onde dos 12 ACES apenas um (Baixo Tâmega) disponibiliza a consulta prévia, do Centro Hospitalar do Tâmega e Sousa que não faz IVG e onde só Amarante dispõe de consulta, e do Centro Hospitalar de Entre Douro e Vouga que só faz IVG uma vez por semana. E na região de Lisboa e Vale do Tejo, que contabiliza mais de metade das IVG realizadas em Portugal, os quatro hospitais que não a fazem encaminham as utentes para as unidades privadas em vez de o fazerem para outras entidades públicas.
A ausência de consultas nos ACES ou mesmo de IVG nos hospitais são explicadas pela falta de especialistas mas também pelo facto de haver profissionais de saúde que se recusam a participar no processo alegando objecção de consciência.