UEFA vai alargar as competições europeias mas deve manter a Champions exclusiva
Organismo que gere o futebol europeu vai criar uma terceira competição continental e reduzir o número de clubes na Liga Europa.
Ainda não se sabe qual será o modelo competitivo, as condições de apuramento ou o nome, mas já é certo que o futebol europeu terá uma terceira competição de clubes a partir de 2021, a juntar-se à Liga dos Campeões e à Liga Europa. O anúncio foi feito por Andrea Agnelli, presidente da Juventus, após uma reunião em Split, na Croácia, da Associação Europeia de Clubes (ECA), organismo do qual também é presidente. Agnelli apenas revelou que as três competições terão 32 equipas cada uma, o que nada muda para a Champions, mas significa uma redução no número de participantes na Liga Europa, que tem 48 equipas a participar na fase de grupos.
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Ainda não se sabe qual será o modelo competitivo, as condições de apuramento ou o nome, mas já é certo que o futebol europeu terá uma terceira competição de clubes a partir de 2021, a juntar-se à Liga dos Campeões e à Liga Europa. O anúncio foi feito por Andrea Agnelli, presidente da Juventus, após uma reunião em Split, na Croácia, da Associação Europeia de Clubes (ECA), organismo do qual também é presidente. Agnelli apenas revelou que as três competições terão 32 equipas cada uma, o que nada muda para a Champions, mas significa uma redução no número de participantes na Liga Europa, que tem 48 equipas a participar na fase de grupos.
A UEFA volta, assim, a ter uma terceira competição de clubes. Entre 1960 e 1999, houve uma Taça dos Vencedores de Taças (que teve um vencedor português, o Sporting, em 1964), para além da Taça Intertoto, que se realizou, sob a tutela da UEFA (já existia antes) entre 1995 e 2005 e que atribuía vagas na Taça UEFA — o Sp. Braga foi até ao fim na competição em 2008. Há “luz verde da UEFA”, disse Agnelli, para a introdução de mais uma competição. “O actual modelo precisa de ser modernizado”, acrescentou.
A UEFA não se compromete ainda e, num comunicado enviado à Reuters, disse o mesmo de sempre, que está “a analisar o formato das suas competições” e que está a “equacionar várias opções”.
Sem grandes pormenores revelados, é clara a intenção de abrir as competições europeias a mais clubes e de mais países, mantendo, ao mesmo tempo, a Liga dos Campeões, a competição de maior projecção e com prémios monetários maiores, de acesso quase exclusivo aos chamados “Big Five” — Inglaterra, Alemanha, Espanha, Itália e França têm, actualmente, 19 das 32 equipas participantes na fase de grupos da Champions em 2018-19, entre representantes de 15 países diferentes. Já a Liga Europa está representada por 27 na fase de grupos, sendo que irá absorver os terceiros classificados da Champions quando chegar às eliminatórias.
O que parece mesmo fora de questão é tornar a Champions mais inclusiva e manter o actual modelo, que é o mais lucrativo e que também ajuda a perpetuar o “status quo” do futebol europeu. E depois há sempre a ameaça de se criar uma Superliga Europeia fora da alçada da UEFA com os maiores clubes do continente, o que iria significar uma perda de receitas gigante para o organismo que tutela o futebol europeu. Assim, a Champions irá, até ver, manter-se como está, e os participantes na Liga Europa poderão, eventualmente, ter um acréscimo de receitas. A terceira competição irá necessariamente ter um nível competitivo mais baixo, mas irá dar outra projecção internacional àqueles clubes que geralmente não passam das pré-eliminatórias.
Liga Europa a 64? Não
Havia uma possibilidade de aumentar o número de clubes participantes na Liga Europa para 64, segundo revelou Dariusz Mioduski, vice-presidente da ECA e presidente do Légia Varsóvia, mas essa opção foi descartada, já que o aumento de equipas iria diluir a competitividade da competição.
Sobre a terceira prova, que poderá ser já aprovada em Dezembro próximo, numa reunião do Comité Executivo da UEFA, em Dublin, o dirigente polaco diz que ainda está muita coisa por decidir: “Ainda estamos a trabalhar nisso, em como vai ser o acesso à prova. Uma coisa importante é limitar o número de rondas preliminares. E também há as questões de distribuição de receitas, o ‘branding’, os coeficientes.”
Há quem esteja, para já, em desacordo face a esta ideia da UEFA e da ECA revelada por Agnelli e que já tinha sido aflorada há uma semana pelo jornal alemão Bild. A Associação das Ligas Europeias, na qual está filiada a Liga Portuguesa, diz que esta proposta está a ser construída sem o conhecimento das Ligas nacionais. “Não estamos satisfeitos com este processo porque isto é algo que está a ser cozinhado pela UEFA e pela ECA sem passar pelos canais certos. Apesar de o nosso presidente Lars-Christer Olsson fazer parte do Comité Executivo da UEFA, ele não foi consultado”, declarou Alberto Columbo, secretário-geral adjunto da associação.
O futebol irá seguir, assim, o modelo de outras modalidades colectivas na Europa, como o voleibol (Taça Challenge, CEV Cup e Liga dos Campeões) ou o andebol, que tem também três competições de clubes, a Liga dos Campeões, a Taça EHF e a Taça Challenge, cujos participantes são ordenados de acordo com o ranking de cada liga.