Testemunhas de Jeová: quem são e em que acreditam
Representam 1,3% dos portugueses que se dizem religiosos, segundo o último estudo sobre Identidades Religiosas. Vivem na iminência do fim do mundo e sob um controlo social muito apertado.
As Testemunhas de Jeová (TJ) congregam 1,3% dos que em Portugal se declaram crentes, de acordo com o estudo Identidades Religiosas em Portugal, feito em 2011 e o mais recente sobre a matéria. Encostada “à periferia do protestantismo”, esta denominação, que obedece a um "Corpo Governante" internacional, e cuja sede (ou Betel, que em hebraico significa casa de Deus) portuguesa se situa em Alcabideche, Cascais, reparte-se por cerca de 600 congregações. As reuniões fazem-se nos Salões do Reino - o equivalente às igrejas católicas.
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As Testemunhas de Jeová (TJ) congregam 1,3% dos que em Portugal se declaram crentes, de acordo com o estudo Identidades Religiosas em Portugal, feito em 2011 e o mais recente sobre a matéria. Encostada “à periferia do protestantismo”, esta denominação, que obedece a um "Corpo Governante" internacional, e cuja sede (ou Betel, que em hebraico significa casa de Deus) portuguesa se situa em Alcabideche, Cascais, reparte-se por cerca de 600 congregações. As reuniões fazem-se nos Salões do Reino - o equivalente às igrejas católicas.
Em Portugal desde 1925, atravessaram o Estado Novo sob apostasia, muito por causa da recusa em cumprirem o serviço militar, censurada, sobretudo quando se intensificou a mobilização de soldados para o Ultramar.
Depois de 1974, os contactos porta-a-porta passaram a fazer-se livremente e, de acordo com os estudiosos das religiões, o seu pendor milenarista ou apocalíptico, que os leva a acreditar que o mundo vai acabar, estando a salvação reservada apenas para alguns, ajudará a explicar a sua disseminação a partir dos contextos rurais.
Independentemente da zona em que se encontrem, as TJ sujeitam-se a muitas restrições: não podem fumar, beber em excesso, aceitar transfusões de sangue, nem celebrar os aniversários ou o Natal. Não podem votar e muito menos assumir cargos políticos.
“Quando souberam que me tinha candidatado nas autárquicas, telefonaram-me porque queriam que fosse a uma comissão judicativa [tribunal eclesiástico] e quando eu recusei, porque não lhes reconheço o direito de caucionar ou sindicar a minha vida, anunciaram publicamente que eu estava desassociada”, descreve uma TJ, pedindo anonimato porque muitos membros da sua família continuam na congregação e a doutrina desaconselha o contacto com os “apóstatas”: “A minha mãe nunca mais fez nenhum jantar de família para não ter de excluir nenhum filho.”
Depois de um ano a estudar uma congregação, Helena Vilaça consegue pôr-se na cabeça deles. “O reino das Testemunhas de Jeová não é deste mundo, é doutro. E por isso não celebram a bandeira, não cantam o hino, não vão à tropa nem votam, mas, ‘a César o que é de César’, incentivam a que se pague os impostos”, descreve, demarcando-se do que qualifica como uma tendência para a “demonização” das TJ.
São "fechados" e "rígidos “mas não anti-sociais”. “Não é um grupo que, porque o fim do mundo está próximo, vai viver para um rancho nos Estados Unidos ou para uma quinta do Alentejo, Aliás, são cuidadosos na forma como estão neste mundo. Assisti a algumas reuniões em que se falava da importância da limpeza, do cabelo lavado, das unhas cortadas”, prossegue a investigadora, para apontar um recente e progressivo "relaxamento da rigidez do grupo e a perda de certas dimensões do seu carácter sectário”.