Trump queria ver Assad morto, diz novo livro sobre a Casa Branca
Há mais um livro a desvendar os bastidores da Administração Trump, desta vez de Bob Woodward, um dos jornalistas que expôs o escândalo do Watergate.
Donald Trump queria o Presidente sírio, Bashar al-Assad, assassinado no ano passado, mas o seu secretário da Defesa ignorou a ordem, de acordo com um novo livro que expõe a forma como altos dirigentes da Administração Trump estão a fechar os olhos a ordens presidenciais para conter aquilo que encaram como um comportamento perigoso e prejudicial.
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Donald Trump queria o Presidente sírio, Bashar al-Assad, assassinado no ano passado, mas o seu secretário da Defesa ignorou a ordem, de acordo com um novo livro que expõe a forma como altos dirigentes da Administração Trump estão a fechar os olhos a ordens presidenciais para conter aquilo que encaram como um comportamento perigoso e prejudicial.
Excertos do livro Fear: Trump in the White House (Medo: Trump na Casa Branca), escrito pelo célebre jornalista que expôs o caso Watergate Bob Woodward, foram publicados pelo Washington Post na terça-feira. O livro, com lançamento marcado para 11 de Setembro, é o mais recente a divulgar as tensões dentro da Casa Branca ao longo da presidência de 20 meses de Trump.
“É apenas mais um livro mau”, disse Trump ao Daily Caller. O Presidente eleito pelo Partido Republicano escreveu no Twitter que as citações do livro atribuídas ao secretário da Defesa, James Mattis, ao chefe de gabinete da Casa Branca, John Kelly, e a outros “são fraudes inventadas, uma burla para o público”.
O livro mostra Trump como alguém propenso a explosões violentas e a tomadas de decisão impulsivas, pintando um quadro de caos que Woodward diz ser comparável a um “golpe de Estado administrativo” e a um “colapso nervoso” do ramo executivo.
Segundo o livro, Trump disse a Mattis que queria Assad assassinado depois de o Presidente sírio ter lançado um ataque químico contra civis em Abril de 2017. Mattis disse a Trump que iria “avançar com isso”, mas acabou por promover um plano para um ataque aéreo limitado que não ameaçou Assado pessoalmente.
Mattis disse a fontes próximas, após um outro incidente, que Trump agiu como “um aluno do quinto ou sexto ano”, de acordo com o livro.
Num comunicado na terça-feira, Mattis desvalorizou o livro como “o tipo de literatura feito unicamente para Washington” e disse sobre as palavras negativas sobre Trump que lhe são atribuídas: “Nunca foram pronunciadas por mim ou na minha presença”.
A porta-voz da Casa Branca, Sarah Sanders, disse que o livro “não é nada mais do que histórias fabricadas, muitas por antigos funcionários descontentes, contadas para passar uma imagem má do Presidente”.
A embaixadora dos EUA na ONU, Nikki Haley, manifestou dúvidas em relação ao episódio de Assad. “Tenho o prazer de ter participado nessas conversas… e nem por uma vez ouvi o Presidente falar em assassinar Assad”, disse Haley na terça-feira.
Woodward ganhou celebridade nacional pelos seus trabalhos sobre o escândalo do Watergate nos anos 1970, e desde então tem escrito vários livros que mostram os bastidores das Administrações presidenciais e de outras instituições de Washington. Para este livro, Woodward falou com conselheiros e outros funcionários, com a promessa de que não iria revelar a forma como obteve as informações, de acordo com o Post.
Entre as suas outras revelações: o ex-conselheiro económico Gary Cohn roubou uma carta da secretária de Trump que o Presidente previa assinar para retirar os Estados Unidos de um acordo comercial com a Coreia do Sul. Cohn, que tentou conter os impulsos proteccionistas de Trump, também planeava retirar um memorando semelhante que iria retirar os EUA do NAFTA, o Acordo de Comércio Livre com o México e o Canadá, de acordo com Woodward. “É só tirar o papel da mesa dele”, disse Cohn a outro funcionário da Casa Branca, segundo o livro.
Trump negou que isso tenha acontecido. “É inventado”, disse ao Daily Caller. Os EUA mantêm-se em ambos os acordos enquanto tenta renegociar os seus termos.
“Pior trabalho” de sempre
Outros funcionários insultavam Trump nas suas costas. Kelly chamou Trump de “idiota” e chegou a dizer “estamos na cidade dos malucos… Este é o pior trabalho que alguma vez tive”.
Trump tratava os conselheiros de topo com desprezo, diz o livro, dizendo ao secretário do Comércio, Wilbur Ross, que o melhor dele já tinha passado, e ao Procurador-Geral Jeff Sessions que era um “atrasado mental”.
Num tweet na terça-feira, Trump disse que Woodward também escreveu que costumava chamar a Sessions “burro sulista”.
“Não disse NADA, nunca usei esses termos com ninguém, incluindo Jeff, e ser sulista é uma GRANDE coisa. Ele inventou isto para dividir!”, escreveu Trump no Twitter.
Kelly, numa declaração divulgada pela Casa Branca, disse que nunca chamou idiota ao Presidente e qualificou a história de “treta completa”.
Trump tem-se tornado cada vez mais paranóico e ansioso por causa da investigação federal que está a decorrer para apurar se a sua campanha agiu em conluio com a Rússia na alegada interferência de Moscovo nas eleições presidenciais de 2016, levando os seus colaboradores a comparar Trump ao ex-Presidente Richard Nixon durante o escândalo do “Watergate”, escreveu Woodward.
O ex-advogado de Trump, John Dowd, conduziu uma entrevista a fingir com Trump para o convencer de que iria cometer perjúrio se concordasse em falar com o procurador-especial Robert Mueller, que está à frente das investigações sobre a Rússia, de acordo com o livro.
Trump recusou falar com Woodward até o manuscrito estar finalizado, segundo o jornal. “Tenho então mais um mau livro a sair. Grande coisa”, disse Trump a Woodward, de acordo com uma transcrição do telefonema divulgada pelo Post.