Presidente demitido do IPDJ leva secretário de Estado a tribunal

Presidente demitido do Instituto Português do Desporto e Juventude fala em favorecimentos à “máquina do PS” e em “pressões” de clubes desportivos depois de começarem a ser castigados e multados.

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Augusto Baganha

Augusto Baganha vai colocar uma acção em tribunal contra o secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, com o objectivo de obter da justiça uma providência cautelar que lhe permita concluir o mandato de presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), que só termina dentro de um ano.

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Augusto Baganha vai colocar uma acção em tribunal contra o secretário de Estado da Juventude e Desporto, João Paulo Rebelo, com o objectivo de obter da justiça uma providência cautelar que lhe permita concluir o mandato de presidente do Instituto Português do Desporto e Juventude (IPDJ), que só termina dentro de um ano.

Baganha larga esta terça-feira oficialmente o cargo, depois de ter sido demitido por despacho com data de 20 de Agosto de 2018 assinado pelo governante. Ao PÚBLICO, Baganha fala em “pressões” por parte de grandes clubes desportivos, depois de lhes terem sido aplicadas multas e castigos, e “motivações” políticas para o seu afastamento.

O presidente demitido disse ao PÚBLICO “não entender” a sua demissão “a um ano de o Governo cessar funções e a um ano de completar a comissão de serviço” no IPDJ. Augusto Baganha entende que com a demissão foi “colocada em causa” a sua “honra e dignidade pessoal e profissional” e por isso vai avançar com acção em tribunal. “Eu apenas quero completar o meu mandato até ao fim. Depois que se faça o balanço”, acrescenta.

Baganha afirma que a sua saída “é ainda mais incompreensível” pelo “trabalho de reestruturação” que fez no IPDJ, que diz ser “do reconhecimento de todos" nomeadamente do actual secretário de Estado que sempre o avaliou "com bom". “Foram seis anos difíceis. Quando aqui cheguei, o IPDJ tinha dívidas de cerca de 15 milhões de euros e agora tem um saldo positivo de 20,8 milhões de euros”, acentua.

O jornal A Bola noticiou na sua edição de segunda-feira que Vítor Pataco, vice-presidente do Conselho Directivo dissolvido em Agosto, será nomeado esta terça-feira como novo presidente do instituto, dando-o como sendo “um homem próximo do PS”. O jornal indica também que para o cargo de vice-presidente está indicada Sónia Paixão, directora do departamento de desporto da Câmara de Lisboa e vereadora sem pelouro no município de Loures, onde concorreu à presidência pelo PS.

O IPDJ confirmou ao PÚBLICO que esta terça-feira sairá um despacho de nomeação do seu novo conselho directivo com estes dois nomes, mais o de Carlos Pereira (que transita do anterior conselho directivo para o lugar de vice-presidente) e o de Sílvia Vermelho (que será vogar e não transita do anterior órgão).

Augusto Baganha afirma que, com estas possíveis nomeações, o secretário de Estado do Desporto “privilegia a máquina socialista”. 

Para Baganha, atendendo ao "timming e à forma repentina escolhida para apresentação deste despacho, que nada diz de grave e urgente, a um ano do término das comissões de serviço", é de considerar que "João Paulo Rebelo reage de forma sectária e privilegia a máquina socialista.”

O presidente demitido do IPDJ diz ainda que “a promiscuidade é clara e visível entre o PS e o Governo, o que é lamentável”, revelando que já solicitou audiências ao Presidente da República, ao primeiro-ministro e aos grupos parlamentares. “Não poderei baixar os braços e defenderei até ao fim os interesses do Desporto e da Juventude.”

“Queremos uma administração pública isenta de cores partidárias e deve privilegiar-se o mérito e a competência. A providência cautelar é o primeiro de muitos passos para denunciar o que tivermos de denunciar, pois o balanço do passado, do presente e do futuro são muito diferentes, e isso exigiu de nós muito trabalho, esforço e dedicação”, acrescenta.

Pressões e ambientes estranhos

Mas Augusto Baganha não vê apenas motivações políticas. Fala também em “pressões” e “ambientes estranhos” depois de há cerca de um ano o IPDJ “ter começado a aplicar multas e castigos duros” aos principais clubes desportivos. Lembra a interdição do Estádio da Luz por quatro dias e várias multas aplicadas ao Sporting e ao Benfica. “Pressões por parte dos visados há sempre, mas desta vez houve mais do que pressões, havia um ambiente estranho sempre que havia castigos ou multas. Havia um mau estar, algo diferente que se sentia.”

Na passada semana, o IPDJ, ainda sob a presidência de Baganha, castigou o Benfica com um jogo à porta fechada por mau comportamento de claques ilegais no Estádio da Luz.

Na sua edição de ontem, A Bola lembra que Vítor Pataco foi director-geral da Benfica Multimédia e que, no IPDJ e que irá herdar o dossier das claques.

Questionado pelo PÚBLICO sobre as razões para demissão do conselho directivo em Agosto, o gabinete do secretário de Estado diz que elas se prendem "com a necessidade de assegurar, nesta nova fase do IPDJ, o alcance dos objectivos definidos pela tutela".