Governo do Brasil anuncia plano de recuperação do Museu Nacional
Projecto está orçado em 15 milhões de reais (cerca de três milhões de euros). O presidente do Brasil, Michel Temer, irá envolver-se pessoalmente na angariação de doações e patrocínios.
Os ministérios brasileiros da Cultura e da Educação anunciaram na segunda-feira um plano de recuperação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído por um incêndio que afectou o edifício e o seu acervo.
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Os ministérios brasileiros da Cultura e da Educação anunciaram na segunda-feira um plano de recuperação do Museu Nacional do Rio de Janeiro, destruído por um incêndio que afectou o edifício e o seu acervo.
Em comunicado publicado on-line, o Governo anunciou que irá formar um comité executivo para a recuperação do Museu Nacional, vinculado à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), e aplicar 15 milhões de reais (cerca de três milhões de euros) no projecto.
O incêndio ocorrido no domingo não provocou vítimas, mas destruiu grande parte do acervo do maior museu de História Natural e Antropologia da América Latina, que foi anteriormente residência da família real e imperial brasileira.
Segundo o comunicado, dois terços do valor destinado à recuperação serão investidos na segurança do local, no reforço das estruturas e da contenção e no resgate de parte do acervo. O restante será aplicado na criação de um projecto executivo de restauração da entidade.
De acordo com o ministro da Cultura, Sérgio Sá Leitão, o plano divide-se em quatro etapas. A primeira é a protecção da estrutura física do museu e do acervo, onde estão a ser identificadas as obras e as peças que ainda podem ser resgatadas. A segunda etapa será a elaboração do projecto básico e a terceira será a elaboração do projecto executivo para a reconstrução do museu, que poderá ter a participação da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO, na sigla em inglês). A obra de recuperação em si será a última etapa, acrescenta a nota oficial.
O Presidente do Brasil, Michel Temer, entrou entretanto em contacto com bancos e empresas privadas, que já sinalizaram o interesse em patrocinar a reconstrução.
"Considerando a Lei Rouanet [lei de apoio à cultura no Brasil que incentiva o mecenato] como uma fonte de apoio ao museu, com apoio de outras entidades e parceiros como doadores, estamos procurando aumentar as condições de recuperarmos, com a maior brevidade, o nosso Museu", indica o comunicado, citando o ministro da Educação, Rossieli Soares.
No Brasil, há mais de 3.700 museus, 456 dos quais são museus federais, descreve o portal do Governo.
O Museu Nacional do Rio de Janeiro foi fundado por D. João VI e era o mais antigo e um dos mais importantes museus do Brasil.
Do seu acervo constavam uma colecção egípcia que começou a ser adquirida pelo imperador Pedro I, e o mais antigo fóssil humano encontrado no Brasil, Luzia, com cerca de 11 mil anos.
Entre os milhões de peças que documentam 200 anos de história brasileira estavam igualmente um diário da Imperatriz Leopoldina e um trono do Reino de Daomé, dado em 1811 ao príncipe regente João VI.
O ministro português da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, que se encontra no Rio de Janeiro em visita oficial, afirmou, na segunda-feira que a destruição no museu foi "uma perda irreparável": "Estamos consternadíssimos. Nós sentimos também essa perda porque era um acervo importantíssimo da história natural do país, da sociedade brasileira e também da história política, sendo este o palácio onde o rei de Portugal se veio instalar quando levou a corte para o Brasil. É um monumento muito importante para a história dos dois países", declarou o ministro à chegada ao Real Gabinete Português de Leitura, no Rio de Janeiro, onde abriu o nono colóquio do pólo de pesquisas luso-brasileiras.
Em Janeiro de 2015, o museu chegou a estar fechado ao público devido a "problemas com os serviços de vigilância e limpeza", relacionados com o atraso de meses no pagamento, e os funcionários de limpeza também fizeram uma paralisação por falta de pagamento dos salários, noticiou então a imprensa local.
A história do museu remonta aos tempos da fundação do Museu Real por João VI, em 1818, cujo principal objectivo era propagar o conhecimento e o estudo das ciências naturais em terras brasileiras. Hoje, era reconhecido como um dos principais centros de pesquisa em história natural e antropológica da América Latina.