Nem as promessas de Putin estancam descontentamento dos russos face às pensões
Manifestação em Moscovo juntou dez mil pessoas em protesto contra a subida da idade da reforma. Protestos estenderam-se a outras cidades.
Milhares de russos voltaram a sair à rua em várias cidades do país em protesto contra a reforma do sistema de pensões apresentada pelo Governo. O descontentamento ameaça a popularidade estratosférica do Presidente Vladimir Putin como poucos acontecimentos desde que chegou ao Kremlin.
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Milhares de russos voltaram a sair à rua em várias cidades do país em protesto contra a reforma do sistema de pensões apresentada pelo Governo. O descontentamento ameaça a popularidade estratosférica do Presidente Vladimir Putin como poucos acontecimentos desde que chegou ao Kremlin.
Não muito longe da Praça Vermelha, cerca de dez mil pessoas concentraram-se este domingo para pedir o abandono dos planos governamentais de aumentar a idade da reforma, numa manifestação organizada pelo Partido Comunista, de acordo com dados da White Counter, uma organização que contabiliza participantes em manifestações – o balanço da polícia apontava para seis mil pessoas.
Houve acções de protesto em várias outras cidades russas, como São Petersburgo, Novosibirsk e Vladivostok, embora atraindo menos pessoas do que na capital.
O descontentamento com a reforma das pensões mantém-se apesar das promessas de Putin em suavizar algumas medidas. Na quarta-feira, o Presidente prometeu que a idade da reforma das mulheres iria subir apenas cinco anos (para os 60), e não oito como inicialmente previsto. No seu discurso, Putin pediu compreensão para a importância da reforma, considerada vital para evitar uma queda profunda da economia.
Porém, a medida continua a ser muito impopular entre os russos e nem Putin – considerado uma figura acima do sistema político e imune às críticas – escapa aos protestos. A taxa de aprovação do Presidente, que desde 2014 nunca esteve abaixo do patamar dos 80%, caiu para pouco mais de 60% desde que a medida foi anunciada.
Em Junho, o Governo revelou a intenção de aumentar a idade de reforma para os 65 anos – actualmente, os homens podem reformar-se aos 60 e as mulheres aos 55 anos. A iniciativa foi recebida com enorme descontentamento, com os críticos a lembrarem que a esperança média de vida dos homens russos é de apenas 66 anos.
Actualmente, a média das pensões russas é de 13 mil rublos (170 euros) e, segundo o Governo, a concretização da medida poderia levar a uma subida do valor para 14.400 rublos (183 euros) no final do ano.