Primeiro estudo sobre os efeitos da microdosagem de LSD prestes a arrancar

Investigadores da Fundação Beckley e da Imperial College of London querem descobrir se microdoses da droga produzem bem-estar psicológico.

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Diferenças na actividade cerebral sob o efeito de um placebo (esquerda) e de LSD (direita) Reuters/HANDOUT

Um estudo da Fundação Beckley e da Imperial College  of London que arranca na segunda-feira, quer descobrir se as pequeníssimas doses de LSD — quantidades cerca de 15 vezes inferiores a uma dose — têm efeitos no bem-estar psicológico e na função cognitiva, ou se estes efeitos não passam de uma ilusão. Ao mesmo tempo, serão estudados potenciais efeitos negativos como o aumento da ansiedade. É a primeira investigação do género.

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Um estudo da Fundação Beckley e da Imperial College  of London que arranca na segunda-feira, quer descobrir se as pequeníssimas doses de LSD — quantidades cerca de 15 vezes inferiores a uma dose — têm efeitos no bem-estar psicológico e na função cognitiva, ou se estes efeitos não passam de uma ilusão. Ao mesmo tempo, serão estudados potenciais efeitos negativos como o aumento da ansiedade. É a primeira investigação do género.

Para perceber isto serão analisados os efeitos do LSD em pessoas que já tomam actualmente microdoses do composto químico. Os participantes vão receber duas cápsulas diferentes: uma, que contém a substância que já tomavam, e outra com um placebo. Enquanto estiverem a ser acompanhados terão de fazer testes e jogos cognitivos para se perceber se há ou não um efeito placebo.

“Será algo único”, diz Balázs Szigeti, o responsável pelo estudo ao The Guardian. E porquê único? Serão os próprios participantes a controlar a toma das cápsulas. É um formato que "aumenta o mérito científico do estudo e introduz um jogo de adivinhação interessante para os participantes — 'Será que tomei a microdose ou um placebo hoje?' Este elemento do desconhecido tornará a experiência de microdosagem mais envolvente e auto-reflexiva", explicam os investigadores no site dedicado ao projecto.

Os cientistas sublinham ainda que os participantes vão ter de usar as suas próprias drogas. “Nós não estamos a encorajar as pessoas a recorrerem à microdosagem. A nossa intenção é observar as pessoas que já utilizam drogas psicadélicas e fazer com que a sua experimentação seja mais significativa do ponto de vista científico”, lê-se no site.

"As pessoas que recorrem à microdosagem actualmente não são um grupo qualquer", nota Szigeti. “É muito provável que já tenham usado drogas psicadélicas antes e tenham uma ideia preconcebida sobre as mesmas”. O especialista conta que a prática até já se tornou popular em Silicon Valley, onde é utilizada como forma de aumentar a criatividade e a produtividade.

Na plataforma Reddit (um fórum de discussão online), no espaço alocado ao tema da microdosagem de drogas, um utilizador descreve a sensação: “Estás muito mais consciente de tudo à tua volta e a microdose actua como um estimulante. Além disso, é muito mais fácil compreender as emoções que se estão a sentir. Além disso, a criatividade aumenta muito.”

Amanda Feilding, directora da Fundação Beckley, estuda o tema há anos e diz ao The Guardian que recebe muita correspondência sobre o tema. “Eu acho que se está a espalhar, mas é impossível dizer quanto.” A especialista acrescenta: "Acho que poderia dar um impulso à vitalidade e, possivelmente, melhorias no estado de humor.”

O cientista Albert Hoffman, nascido na Alemanha em 1906, descobriu os efeitos da dietilamida de ácido lisérgico-25 (LSD) em 1943. Cinco anos antes tinha sintetizado este composto, mas foi só na década de 1940 que identificou as suas potencialidades.

Antes de ser adoptado pelo movimento hippie e ficar associado a mortes causadas pelas alucinações, o LSD foi utilizado para tratar perturbações como o autismo, o alcoolismo e atenuar o sofrimento dos doentes com cancro terminal. Foi proibido nos EUA em 1966.