Marcelo não escreverá livro de memórias
"Não, já disse que não publico memórias nenhumas, já tomei essa decisão", assegurou o Presidente da República no primeiro dia da Festa do Livro em Belém.
O Presidente da República voltou hoje, pelo terceiro ano consecutivo, a estimular os portugueses a ler, no primeiro dia da Festa do Livro em Belém, e deu o exemplo em várias bancas.
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O Presidente da República voltou hoje, pelo terceiro ano consecutivo, a estimular os portugueses a ler, no primeiro dia da Festa do Livro em Belém, e deu o exemplo em várias bancas.
Passavam cerca de 45 minutos da abertura da Festa do Livro, às 18h, quando Marcelo Rebelo de Sousa começou a percorrer o recinto, montado nos jardins do Palácio de Belém até domingo.
Imediatamente, foi rodeado por um grupo de crianças, a maioria das quais na esperança de conseguirem uma 'selfie' com Marcelo Rebelo de Sousa. "Não vão comprar nenhum livro?", perguntou-lhes o chefe de Estado.
"Convido todos a virem cá, vai estar bom tempo, têm debates sobre os temas mais variados, têm cinema e depois têm Camané no sábado à noite e Miguel Araújo e António Zambujo", 'apresentou' o chefe de Estado, em declarações aos jornalistas.
A edição deste ano da Festa do Livro tem mais actividades lúdicas dedicadas às crianças e até a data foi antecipada de forma a coincidir com o final das férias escolares.
"Infelizmente, os livros têm hoje uma concorrência muito séria nos mais jovens. Também com a crise os portugueses desabituaram-se de comprar livros ou compram menos", lamentou Marcelo Rebelo de Sousa, que assinalou ainda o fecho de várias livrarias ou as dificuldades de muitas editoras.
Questionado sobre o negócio editorial poder ser afectado pela progressiva introdução de manuais escolares gratuitos, o chefe de Estado admitiu que pode ser "um desafio" a que os agentes editoriais mais dependentes deste mercado se terão de adaptar.
Entre as compras de hoje do Presidente contam-se "A Ilustre Casa de Ramires", de Eça de Queiroz, uma biografia da 'rainha restauradora' Luísa de Gusmão e, na mesma banca, um livro de fotografias de Mário Soares, por Alfredo Cunha, e outro sobre o período de governação de Marcello Caetano, de quem foi próximo na sua juventude.
"Já fiz várias compras e ainda vou num quinto da festa, vai sair-me cara, mas é um incentivo ao livro", explicou. Na mesma banca, Marcelo reparou no livro de memórias do seu antecessor, "Quinta-feira e outros dias", mas reiterou que não irá seguir o exemplo de Cavaco Silva. "Não, já disse que não publico memórias nenhumas, já tomei essa decisão", assegurou.
Nos vários expositores, Marcelo fez questão de pagar todos os livros que ia comprando e até de dar o número de contribuinte para efeitos de factura.
Ainda a meio do primeiro mandato, são já vários os livros nesta Festa sobre o actual chefe de Estado, incluindo um infantil, que explica "Marcelo, o Presidente" às crianças. "Já li, achei muito divertido, é muito simples, mas pega nos meus hábitos, no meu ritmo de vida, muito acessível para crianças", elogiou.
Com um balanço "muito positivo" das anteriores edições da Festa do Livro, que reuniram no conjunto cerca de 40 mil pessoas em Belém, Marcelo Rebelo de Sousa saudou o prometido reforço para a Cultura no próximo Orçamento do Estado.
"Sem cultura não há democracia, tudo o que seja apoiar mais a cultura é fundamental para a qualidade da democracia em Portugal", disse.
A 3.ª edição da Festa do Livro em Belém terá até domingo uma programação para lá dos livros, com debates, concertos, jogos e ginástica nos jardins do Palácio Nacional de Belém.
A Festa do Livro em Belém é uma ideia do Presidente da República para divulgar a literatura em língua portuguesa e promover hábitos de leitura.
A iniciativa conta este ano com a presença de 47 editoras repartidas por 78 expositores e, durante quatro dias, irão passar pela Festa do Livro - que tem entrada livre apenas limitada à capacidade do espaço - cerca de 200 autores para sessões de autógrafos e contacto com os leitores.